O Estado de S.Paulo
O alerta de uma autoridade de saúde de que pessoas que forem vacinadas contra covid-19 com a vacina russa Sputnik V devem parar de beber álcool por quase dois meses deixou alguns russos irritados, especialmente com o período de festas se aproximando.
Anna Popova, chefe da agência de saúde do consumidor, disse à rádio Komsomolskaya Pravda que as pessoas devem parar de beber álcool duas semanas antes de tomar a primeira das duas doses, e se abster por mais 42 dias. “É uma pressão para o corpo. Se quiser ser saudável e ter uma forte resposta imunológica, não beba álcool”, disse.
Ontem, os russos expressaram toda sua frustração com a recomendação. “Eu vou beber como se não houvesse amanhã entre a primeira e a segunda dose”, disse um morador de Moscou à Reuters, que não quis se identificar. “E os anticorpos vão sair pelas minhas orelhas.”
“Isso me irrita”, disse Elena Kriven, também moradora de Moscou. “Eu não consigo ficar sem beber por 80 dias. O estresse da falta de álcool, especialmente durante o período festivo, seria pior do que os efeitos colaterais da vacina.”
Após a repercussão negativa, Alexander Gintsburg, desenvolvedor da vacina, disse que não é preciso ser tão radical. A conta da Sputnik V no Twitter publicou uma recomendação dele com uma imagem do ator Leonardo DiCaprio erguendo uma taça de champanhe. “Uma taça não fará mal a ninguém, nem mesmo ao seu sistema imunológico”, disse.
No entanto, segundo ele, é crucial evitar o álcool três dias antes e depois das duas doses. Ele disse que esse conselho é o mesmo para qualquer pessoa que se vacine em todo o mundo e não é específico para a Sputnik V. A vacina será dada a médicos, soldados, professores e assistentes sociais na primeira etapa, e uma vacinação em grande escala deve começar nesta semana. As duas doses são administradas em um intervalo de 21 dias.
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