O Estado de S.Paulo, notícia também publicada em Valor Econômico e O Globo 
Jornalistas: Júlia Marques e Paulo Favero

Por causa da alta de casos e mortes por covid-19 nos últimos dias, o governo de São Paulo determinou em decreto que os hospitais não poderão desmobilizar seus leitos voltados para o atendimento de pacientes com coronavírus. Outra determinação é a de não agendar novas cirurgias eletivas para deixar leitos livres quando há “recrudescimento” da pandemia no Estado. Na capital, a Prefeitura definiu uma pausa nos planos de abertura na educação porque os dados da pandemia pararam de melhorar.

A tentativa de não desmobilizar os leitos nos hospitais paulistas é uma iniciativa da Secretaria da Saúde para evitar uma situação crítica, como já ocorre em outros Estados, como Santa Catarina e Paraná. “O governo de São Paulo, sempre com o compromisso de garantir e preservar vidas, assina hoje um decreto que determina a todos os hospitais públicos, filantrópicos e privados a não desmobilização de qualquer leito, seja ele de UTI ou de enfermaria, voltado para o atendimento de covid-19, assim como a não realização de novos agendamentos de cirurgia eletiva”, explicou Jean Gorinchteyn, secretário da Saúde do Estado.

Ele lembrou que São Paulo tem 1.191.290 casos por coronavírus, com 41.074 óbitos. Em 24 horas foram registrados 6.794 novos casos e 147 óbitos. A ocupação de leitos no Estado é de 43,5%, sendo que na Grande São Paulo está um pouco acima, com 49,7%. “Pelos números, não pensamos no momento na reabertura de leitos dos hospitais de campanha”, avisou.

Segundo João Gabbardo, coordenador executivo do Centro de Contingência de Covid19, é um momento de ter atenção na pandemia. “A gente percebeu que nos últimos dias houve um recrudescimento. Pequeno, mas houve. Não temos risco de falta de leitos no momento.
Houve aumento de quase 20%, mas ainda estamos abaixo de ocupação de 50%. De qualquer forma, a partir de agora ninguém está autorizado a mudar leito de covid para de outra especialidade”, completou.

O governador João Doria (PSDB) explicou que após os primeiros sinais de agravamento da doença no Estado o governo optou por cancelar a reclassificação do Plano São Paulo e adiar para 30 de novembro a próxima data. “O governo reitera nosso compromisso em proteger a vida das pessoas e ser exemplo de obediência à ciência e à saúde”, disse. “Estamos perdendo vidas todos os dias no Brasil ou será que vamos banalizar isso? É muito triste. Não é o momento para fazer festa ou aglomerações. Não é hora de retirar a máscara.”

Internações

Um levantamento do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp) indicou que 44,7% dos hospitais privados no Estado de São Paulo detectaram aumento das internações de pacientes com a covid-19 nos últimos 15 dias. O porcentual de unidades que registraram alta de diagnósticos é semelhante (46%).

A pesquisa foi realizada com 383 hospitais privados não filantrópicos das 17 regiões administrativas do Estado de São Paulo – 76 hospitais responderam ao questionário. Essas unidades somam 7.516 leitos. Segundo o médico Francisco Balestrin, presidente do SindHosp, o número revela tendência de aumento de internações e infecções, mas há diferenças regionais no Estado.

Os dados corroboram informações já apresentadas pelo governo estadual que indicavam aumento de 18% das internações pela covid-19. Balestrin destaca que a maior parte dos hospitais está preparada para uma segunda onda da doença e as unidades criaram fluxos distintos de atendimento, para pacientes com a doença e aqueles que chegam com outras condições de saúde. Para o médico, não faz sentido proibir o agendamento de cirurgias eletivas.

“Tem um número grande de locais em que ainda não aumentou o número de casos. No começo, todo mundo proibiu procedimentos cirúrgicos eletivos, mas fizemos mal para a saúde. O paciente cardiológico, neurológico, oncológico deixou de fazer seus segmentos nos hospitais porque ficou preocupado. Às vezes piorou a situação.”

Segundo o médico, leitos para a covid-19 já estão sendo mantidos nos hospitais privados, independentemente de decreto do governo estadual. “É claro que todas as instituições ao ver que estão tendo pressão de pacientes de covid vão atender a essa urgência sanitária”, diz Balestrin. “A melhor recomendação ainda é evitar o espalhamento da covid, com todas as ações de distanciamento social, uso de máscara e higienização das mãos.”

A média móvel de mortes pela covid-19 no Estado de São Paulo, que vinha caindo desde meados de setembro, voltou a subir esta semana, após apagão de dados por falha técnica na plataforma do Ministério da Saúde. No dia 10 de novembro, a média móvel estava em 50, número baixo puxado pela ausência de registros durante cinco dias. Nove dias depois, a média móvel de óbitos diários chegou a 125, ontem. O número de infectados também aumentou.

Enviar-me um e-mail quando as pessoas deixarem os seus comentários –

DikaJob de

Para adicionar comentários, você deve ser membro de DikaJob.

Join DikaJob

Faça seu post no DikaJob