SP teve 18% dos adultos infectados, aponta pesquisa

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O Estado de S.Paulo, notícia também publicada em Valor Econômico 
Jornalista: Felipe Resk

11/08/20 - Cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) calculam que 17,9% dos moradores adultos da capital paulista apresentam anticorpos contra o novo coronavírus. O resultado faz parte da mais nova etapa da pesquisa, iniciada em maio, que tem como objetivo rastrear a imunidade à covid19 na cidade.

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Segundo o estudo, o índice representa a prevalência mais provável em São Paulo – mas, considerando a margem de erro, o número real pode ficar entre 15% e 20,9%. Com base no indicador, os pesquisadores estimam que cerca de 1,5 milhão de adultos já teriam sido infectados.

Atualmente na fase 3, o inquérito é realizado com apoio do Todos Pela Saúde, Instituto Semeia, Laboratório Fleury e Ibope Inteligência. Ao todo, foram analisadas 1.470 amostras de sangue de moradores com mais de 18 anos. O material foi colhido em casas localizadas em 115 setores de todas as regiões. A áreas também foram classificadas por faixa de renda.

O estudo com testes sorológicos se propõe a avaliar se uma determinada população está próxima ou distante da chamada “imunidade de rebanho” – momento em que a maioria apresenta anticorpos por já ter tido algum contato com o vírus. Embora a ciência ainda não saiba qual é o porcentual necessário para atingir o nível de segurança, as estimativas variam entre 20% e 60%.

Para o biólogo Fernando Reinach, colunista do Estadão e responsável por reunir os pesquisadores do projeto, ainda é precoce avaliar quando a cidade chegaria à imunidade coletiva. “A gente não sabe, com certeza, que nível precisa atingir. Acho que a prova mesmo vai acontecer quando for abrindo a cidade. Se atingiu a imunidade, os casos não devem subir.


Se não atingiu, os casos vão crescer rapidamente, como aconteceu na Europa.”

“A gente vai esperar até a imunidade de rebanho ser atingida naturalmente. Infelizmente, na situação atual, é muito difícil voltar ao isolamento, tenho impressão que a sociedade não consegue”, diz o infectologista Celso Granato, diretor Clínico do Grupo Fleury. “Neste momento já estamos em um nível bastante alto de acometimento da população e a um custo enorme, visto que o Brasil atingiu 100 mil mortes.”

Professora do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Beatriz Tess diz, ainda, que é preciso considerar que a suscetibilidade à infecção muda de acordo com a pessoa. “Temos de trabalhar com a hipótese de que há uma heterogeneidade grande da forma de resposta, relacionada à imunidade ou à memória de infecções por outros vírus.”



Estabilização

A coleta para a fase 3 foi realizada entre 20 e 29 de julho. Comparado à etapa anterior, em junho, a prevalência identificada sugere que a propagação do vírus ficou estável no período, segundo os cientistas. “É uma estabilidade ruim, em valor muito alto”, diz Granato.

Segundo Reinach, o índice também pode indicar que o nível de contaminação está diminuindo, mas esta não seria a principal hipótese para o resultado. Outra hipótese para a estabilização é que pessoas identificadas como soropositivas na fase 2 tenham “perdido anticorpos” durante os 35 dias que separam as etapas – a explicação, no entanto, é considerada “muito pouco provável” pelos cientistas.

Mais pobres

Segundo a pesquisa, o grupo com maior prevalência é formado por negros ou pardos, de menor renda e baixa escolaridade. Na classificação por sexo, os índices praticamente foram os mesmos: 18,4% entre mulheres e 17,8% entre os homens. Na classificação por idade, a faixa com maior presença de anticorpos foi entre 40 e 49 anos (22%). A menor foi de entre participantes com 60 anos ou mais (15,8%).

Por sua vez, a divisão por faixa de renda indica mais risco para os mais pobres. Os testes positivos representaram 22% no setor de menor renda (até R$ 3.349); 18,4% no de renda intermediária (R$ 3.350 a R$ 5.540); e 9,4% em maior renda (R$ 5.541 ou mais).

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