Valor Econômico
Jornalista: Assis Moreira
03/04/2020 - A União Europeia (UE) anunciou ontem plano de € 100 bilhões para ajudar trabalhadores a manter sua renda e socorrer empresas em dificuldade, ilustrando a opção de paralisar a economia para combater a epidemia da covid-19.
Em meio a milhares de mortes nos países-membros, a presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, deixou claro que a estratégia europeia é de salvar vidas, recuperar a saúde e só depois se preocupar com a fatura.
“A Comissão [braço executivo da UE] tomou medidas para permitir aos Estados membros se beneficiar de toda a flexibilidade necessária para apoiar financeiramente seus sistemas de saúde, suas empresas e seus trabalhadores”, disse Leyen.
Ela adiantou que “cada euro disponível no orçamento da UE será redirecionado à nossa capacidade de reação, e cada regra será flexibilizada para permitir financiamentos rápidos e eficazes”.
Ao anunciar o plano chamado de “Sure” para “salvar vidas e meios de subsistência”, a Comissão diz que os € 100 bilhões servirão para dar aos países- membros crédito direto, sem condicionalidades, para financiar programas nacionais visando manter empregos durante a desaceleração da economia.
As empresas poderão reduzir temporariamente a jornada de trabalho ou suspender o trabalho, e o Estado dará apoio à renda como compensação das horas não trabalhadas. A expectativa é proteger os trabalhadores dos efeitos econômicos e sociais da pandemia.
A Comissão propôs também aumentar os adiantamentos em dinheiro aos agricultores sob a Política Agrícola Comum (PAC) da UE, assim como dar a eles mais tempo para solicitarem apoio e para que esses pedidos sejam processados.
A ideia é que, com esse novo pacote, as empresas possam reagir rapidamente quando a economia global começar a se recuperar da crise do coronavírus e, assim, não perder participação de mercado.
A maioria dos países europeus adotou confinamento para reagir à pandemia, com as maiores economias fechando fronteiras e impondo drásticas medidas de distanciamento social à população.
Fábricas na Europa, Ásia e EUA suspenderam a produção e cortaram empregos no ritmo mais rápido desde a crise financeira global de 2008-09, numa demonstração de congelamento das atividades.
A luta ao vírus provocará perdas bilionárias na produção, constata o Instituto Ifo, de Munique (Alemanha). “Além de razões médicas, também há razões econômicas para investir maciçamente em proteção da saúde”, disse Clemens Fuest, presidente do Ifo. “Isso pode ajudar a conter a pandemia e, ao mesmo tempo, nos permitir depois gradualmente suspender os fechamentos de escolas e comércio.”
Para o Ifo, é preciso que as empresas europeias adotem urgentemente precauções que permitam a retomada da produção, ao mesmo tempo em que se tenta conter a propagação da pandemia “Se o fechamento se prolongar por mais de um mês, as perdas de produção atingirão dimensões que vão bem além das quedas de outras recessões ou desastres naturais na UE.”
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