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Valor Econômico / Site
Jornalistas: Michael Peel, Leila Abboud e Hannah Kuchler, do Financial Times


12/06/20 - A União Europeia (UE) pretende injetar bilhões de euros em acordos de compra antecipada de potenciais vacinas contra o coronavírus com as companhias farmacêuticas, num sinal da intensificação dos esforços dos países ricos para garantir suprimentos de eventuais tratamentos futuros.

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A UE está propondo usar “uma grande parte” de um fundo emergencial de 2,7 bilhões de euros no esforço, mas também está empenhada em conseguir um acesso mundial justo a medicamentos de combate à pandemia, segundo uma versão preliminar da estratégia da Comissão Europeia.

O documento destaca a urgência dos esforços europeus para combater uma pandemia que atinge duramente as populações e economias de muitos de seus países.

“Uma solução permanente para a crise da covid-19 muito provavelmente será apresentada pelo desenvolvimento e aplicação de uma vacina segura e eficaz contra o vírus”, diz o documento, que deverá ser divulgado na semana que vem e ao qual o “Financial Times” teve acesso. “Cada mês ganho na preparação de uma vacina salvará muitas vidas, muitos empregos e muitos bilhões de euros.”

O dinheiro de um fundo da UE conhecido como Emergency Support Instrument (Instrumento de Apoio Emergencial) será mobilizado — e possivelmente complementado — para financiar os esforços das companhias farmacêuticas para produzir vacinas em grande escala e velocidade. Os recursos serão direcionados principalmente para medicamentos que entrarão em testes clínicos neste ano, visando a produção em massa em 2021.

O novo fundo evitará companhias com capacidade de produção apenas nos EUA, uma vez que Washington já indicou que quer para si os medicamentos produzidos nos EUA, segundo apontou uma autoridade da UE.

“A localização é importante, o ‘timing’ é importante e a solidez da abordagem científica é importante”, disse a autoridade sobre como a UE escolherá as empresas com que vai trabalhar. “Precisamos ter certeza de que estamos apostando em candidatos com boas chances de sucesso.”

Autoridades da UE insistem que estão cooperando e não competindo com uma iniciativa parecida organizada pela Alemanha, França, Itália e Holanda — todos eles países membros da UE — para garantir acesso a algumas das vacinas que estão sendo desenvolvidas internacionalmente. Uma autoridade de alto escalão da UE disse inicialmente que o Reino Unido, que deixou o bloco em janeiro, não fará parte do plano de desenvolvimento da vacina — mas posteriormente o bloco afirmou que Londres poderá ter acesso a ela durante o período de transição do Brexit que vai até o fim do ano.

O documento da Comissão Europeia insiste que a UE continuará “desempenhando seu papel para assegurar o acesso global à vacina, independentemente do poder econômico ”, apesar dos temores de problemas com o fornecimento da vacina para os países mais pobres.

“O que queremos fazer é garantir estoques suficientes para os nossos Estados-membros, assumindo ao mesmo tempo uma responsabilidade global”, disse outra autoridade da UE. “Na verdade, isso também é interesse nosso porque nenhuma região estará a salvo enquanto o vírus não estiver sob controle em toda parte.”

A Sanofi da França, terceira maior fabricante de vacinas do mundo, elogiou “qualquer iniciativa coordenada da UE que venha a garantir a produção de uma vacina contra a covid-19 em instalações europeias e assegure a disponibilidade da vacina para os cidadãos europeus e o resto do mundo”.

Paul Hudson, presidente executivo da Sanofi, vem pedindo que a Europa adote um sistema parecido com o dos EUA, em que a Agência de Desenvolvimento e Pesquisa em Biomedicina Avançada (Barda, na sigla em inglês) financiou o desenvolvimento e a produção de vacinas contra a covid-19 por sua companhia e outras.

Hudson provocou um escândalo na França no mês passado e foi intimado a se apresentar ao presidente Emmanuel Macron, por ter sugerido que os investimentos da Barda poderiam significar que os EUA seriam os primeiros da fila para receber qualquer vacina bem-sucedida. Posteriormente ele pediu desculpas e prometeu que a Sanofi fabricará suas vacinas contra a covid-19 nos EUA e na Europa para garantir o acesso a todos os que precisarem dela.

A Barda comprometeu mais de US$ 1 bilhão em um projeto conjunto do grupo farmacêutico britânico AstraZeneca e a Universidade de Oxford, cerca de US$ 500 milhões com o grupo americano Johnson & Johnson e outros US$ 500 milhões com a também americana Moderna, para ampliar a capacidade de produção de vacinas dessas empresas. Ela também fez investimentos menores em projetos acadêmicos e na cadeia de fornecimento, como por exemplo um subsídio de US$ 143 milhões para a fabricação de frascos especiais para a distribuição de uma vacina.

Perguntada sobre o novo financiamento da UE, a J&J disse que continuará “trabalhando com as autoridades de saúde locais e internacionais, governos, autoridades reguladoras e ONGs”. A Moderna não respondeu a um pedido de entrevista feito nesta sexta-feira.

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