Vacina faz Covid-19 regredir bruscamente em Israel

O Globo

Fonte: The New York Times

 Israel demonstrou que um programa robusto de vacinação contra o coronavírus pode ter um impacto rápido e poderoso, confirmando, na prática, ser esta a saída plausível para o fim da pandemia. É o que cravam dois estudos locais sobre o impacto da imunização no país mais avançado na proteção de seus cidadãos contra a Covid-19.


Os estudos revelam que os casos e hospitalizações por conta da doença caíram drasticamente em apenas algumas semanas entre as pessoas que foram vacinadas com a primeira dose do imunizante. Israel se tornou uma espécie de laboratório mundial para o combate à Covid-19 devido à velocidade de sua campanha de vacinação, e os dados compilados pelos estudos mostram que os imunizantes funcionam quase tão bem na prática quanto nos ensaios clínicos.


“Afirmamos, com cautela, que a mágica começou”, tuitou Eran Segai, biólogo do Instituto de Ciência Weizmann e um dos autores de estudo pioneiro sobre o impacto da vacina no país.


A pesquisa comandada por Segai partiu das estatísticas nacionais de saúde para pessoas com 60 anos ou mais que receberam a vacina da Pfizer/BioNTech (o programa de imunização israelense também inclui a vacina da Moderna).


Analisando dados de seis semanas após o início da campanha de vacinação, quando a maioria das pessoas dessa idade havia sido imunizada, os pesquisadores descobriram que o número de novos casos de Covid-19 caíra 41% em comparação com três semanas antes.


Também houve uma queda de 31% nas hospitalizações pelo novo coronavírus e de 24% daqueles que ficaram gravemente doentes neste grupo.

IMPACTO SINGULAR

 

O estudo ganhou relevância entre os cientistas porque os autores conseguiram destacar outros fatores, incluindo lockdowns, que também reduzem o número de infecções. E descobriram que, mesmo levando esses aspectos em consideração, as vacinas tiveram um impacto singular.


O tamanho exato deste impacto ainda precisa ser determinado, mas novos dados divulgados na quinta-feira por uma das maiores redes de saúde de Israel, os Serviços de Saúde Maccabi, indicam que a proteção da vacina, na prática, é quase tão boa quanto foi no ensaio clínico.


A vacina da Pfizer teve uma taxa de eficácia de 95% em testes clínicos. Mas os pesquisadores alertaram em novembro que esses números poderiam não se sustentar na prática.


Pessoas que se voluntariam para ensaios muitas vezes não representam a população como um todo. Além disso, o imunizante é difícil de administrar em grande escala porque deve ser mantido em temperaturas muito baixas (-75C) até pouco antes de ser administrado.
Este é justamente um dos poréns nas negociações entre a farmacêutica e o governo brasileiro. No fim de semana a Anvisa recebeu o pedido de registro definitivo da Pfizer no Brasil, que está em análise na agência.


Em janeiro, os Serviços de Saúde Maccabi haviam anunciado uma queda de 60% nas internações por Covid-19 entre maiores de 60 anos após a primeira dose da Pfizer. E agora, em outro estudo, informam que, de 416.900 pessoas vacinadas no país com o imunizante, apenas 254 foram contaminadas pela Covid-19 uma semana após receberem a segunda dose. E todos os casos eram leves.


Comparando essas taxas com pessoas não vacinadas, os pesquisadores estimaram que o imunizante apresentou uma eficácia real de 91%.


— Os dados são muito encorajadores e a alta eficácia da vacina foi mantida —diz Anat Ekka-Zohar, diretora da Divisão de Dados e Saúde Digital do Maccabi.


MUTAÇÃO

 

Os resultados são ainda mais impressionantes, pontuam os especialistas, porque Israel também está lutando contra uma nova variante do vírus. A B.l.1.7 já é responsável por até 80% das amostras testadas no país. Identificada pela primeira vez no Reino Unido, esta cepa se espalhou para 72 outros países e pode ser até 50% mais transmissível.


Israel lidera o mundo na vacinação de cidadãos e mais de um terço de sua população de mais de 9 milhões de pessoas recebeu a primeira dose da vacina da Pfizer. Quase dois milhões de pessoas já receberam a segunda dose.


O grupo prioritário era composto por cidadãos com mais de 6 0 anos, faixa etária responsável por 95% das mais de 5 mil mortes por Covid-19 no país. De acordo com o Ministério da Saúde local, 84% dessa faixa etária já foi vacinada.


Como um país relativamente pequeno com um sistema de saúde universal altamente digitalizado, Israel se tornou um campo de testes atraente para a Pfizer. Como resultado, fez um acordo singular com a farmacêutica, oferecendo dados dissecados da imunização em troca de um fornecimento constante de vacinas.


Apesar do sucesso na campanha de imunização, Israel estendeu seu terceiro lockdown nacional na quinta-feira. Após uma queda no número de novos casos no fim de janeiro, a taxa média está subindo novamente.


Mas os pesquisadores seguem esperançosos na capacidade da vacina reduzir rapidamente os casos entre israelenses imunizados.      


—Estou bem convencido de que estamos vendo (pela primeira vez) os efeitos reais da vacinação em nível populacional —disse William Hanage, epidemiologista da Escola de Saúde Pública de Harvard.


O nível de contágio da variante B.l.1.7 pode ser parcialmente culpado pelo crescimento dos casos, juntamente com a menor conformidade com o lockdown atual. E a maioria dos palestinos ainda aguarda vacinas, o que diminui sensivelmente a proteção na região.

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