Valor Inovação Brasil: Empresas buscam formas de inovar na crise

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Valor Econômico

Jornalistas: Marli Olmos e Cibelle Bouças

18/09/20 - A capacidade de inovar em cenário tão desafiador, durante a pandemia, foi a principal mensagem dos representes das empresas que ontem participaram da celebração de entrega do prêmio Valor Inovação Brasil. A Natura foi a campeã deste ano.

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O ranking de 150 empresas mais inovadoras foi elaborado numa parceria com a Strategy&, consultoria estratégica da PwC. Os representantes das dez primeiras colocadas participaram do evento, realizado de forma virtual. Foram também premiadas as empresas mais inovadoras de 23 setores.

“O setor de saúde nunca foi submetido a tanto estresse como na pandemia, mas foi também um dos que mais investiu em inovação”, disse Sidney Klajner, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, que ficou em segundo lugar no ranking, seguido por Embraer, Petrobras, Bosch, Cielo, Whirlpool, WEG, Bradesco e CNH Industrial.

No Hospital Albert Einstein, a experiência com startups foi uma peça-chave para combater a covid-19. Entre os exemplos, está o primeiro teste genético para detecção do novo coronavírus no mundo. O exame foi idealizado pela Varstation, startup, a nascida nos laboratórios do hospital, em São Paulo.

A covid-19 trouxe muita tristeza, mas, ao mesmo tempo, serviu para acelerar a transformação digital, disse o presidente da Cielo, Paulo Caffarelli. Para o executivo, “as empresas que vão fazer a história desse tempo da humanidade independem do seu tempo de existência”.

A inovação foi a alavanca de transformação também para a diretora executiva do Bradesco, Walkiria Marchetti. Ela falou sobre o esforço do banco para tornar a jornada dos clientes mais agradável durante a pandemia. Nesses tempos de incerteza, destacou a executiva, a inovação “esteve a serviço de descobertas surpreendentes”.

A questão ambiental também foi lembrada nos discursos dos vencedores. “A inovação deve estar a serviço da busca de soluções capazes de regenerar, de encontrar caminhos alternativos para a preservação ambiental, de encontrar caminhos para criar a circularidade que tanto se busca, para encontrar meios de preservação de povos como os da Amazônia”, afirmou Andrea Alvares, vice-presidente de marca, inovação, sustentabilidade e internacionalização da Natura.

A executiva destacou que a Natura atua há mais de 20 anos desenvolvendo produtos feitos com ingredientes da Amazônia, buscando estimular a coleta de matérias-primas pela população local. Ela também ressaltou a inauguração neste ano de um laboratório de inovação em Cajamar (SP), que faz uso de inteligência artificial e biotecnologia para desenvolver novas fórmulas de produtos.

Diante de um isolamento social sem precedentes, muitas aceleraram as estratégias de inovação e de transformação digital. As ações imediatas de combate à pandemia resultaram em uma força-tarefa que colocou as equipes em trabalho remoto, renegociou contratos com fornecedores e passou um pente fino no funcionamento dos canais de comunicação com o consumidor.

Para a diretora de redação do Valor, Vera Brandimarte, toda a sociedade foi arrancada da zona de conforto e as empresas foram, como nunca, testadas na forma de lidar com os trabalhadores, com a produção e com soluções para entregar seus produtos ao consumidor. As empresas que já investem em inovação, disse ela, “tiveram que correr menos”.

O evento contou, também, com uma mesa redonda que discutiu “o que é um executivo inovador”. O debate destacou que em um cenário de demanda crescente por inovação, os executivos precisam se adaptar, adquirindo características que ajudam a acelerar a criação de novos produtos e serviços.

Para Tania Casado, professora da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP e coordenadora do ECar, o executivo inovador precisa ser criativo e capaz de gerar resultados. “Ele precisa não só tratar de coisas novas, mas, de modo novo, questões antigas e, principalmente, atender a demanda forte da sociedade”, afirmou.

Luiz Giolo, consultor líder na Egon Zehnder do Brasil, acrescentou que o executivo precisa criar um ambiente na empresa, para que a inovação aconteça com ou sem a sua presença. Além disso, o dirigente precisa estar aberto a opiniões divergentes, ter mente aberta para o novo, precisa ser capaz de tomar riscos e aceitar um certo nível de erros.

“O ambiente de inovação exige uma liderança mais efêmera, capaz de compartilhar mais a tomada de decisões, de pensar coletivamente e conviver com a ambiguidade, com ideias em contraste”, acrescentou Giolo.

Para Tania, as universidades têm investido na formação de alunos para atender essa nova demanda do mercado. Ela citou o caso da USP, que tem sua própria agência de inovação e espaços que estimulam o empreendedorismo dos alunos.

“Muitas vezes no Brasil a gente tem complexo de vira-lata. Embora eu me inspire muito nos exemplos lá de fora, procuro fazer inovação de maneira autêntica. Quem digitalizou a China foi o chinês. Quem digitalizou os Estados Unidos foi o americano. Quem tem que digitalizar o Brasil é o brasileiro”, disse Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza, eleito o executivo mais inovador do país. A homenagem de ontem marcou, ainda, o lançamento do anuário "Valor Inovação Brasil 2020".

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