Em entrevista na Web Summit de 2020, Vas Narasimhan lembra que as novas tecnologias só podem produzir efeito com dados de qualidade
BY HUGO SÉNECA - Expresso.pt
Novartis e Pfizer podem ser concorrentes. Mas também sabem trocar elogios. Em entrevista na Web Summit de 2020, Vas Narasimhan, diretor executivo da Novartis, não se coibiu de saudar a concorrente Pfizer pelo sucesso alcançado pelo anúncio de desenvolvimento de uma vacina para a Covid-19. E com esta posição lembrou que a competição é necessária para desenvolver novos fármacos, mas também é necessário promover a partilha de informação através de repositórios comuns, em nome de um bem maior.
“Há coisas que as empresas podem partilhar e há outras que essas empresas não querem partilhar”, lembrou, dando o mote para a criação de plataformas abertas, que facilitam o acesso a dados úteis para o desenvolvimento de novos fármacos.
Narasimhan enalteceu os benefícios do uso de Inteligência Artificial, Supercomputadores, e Computação Quântica para acelerar, através de simulações, o desenvolvimento de fármacos ou até prever se os testes que têm vindo a ser levados a cabo em diferentes países vão correr como desejado ou se necessitam de adaptações.
As ferramentas podem ser muito evoluídas, mas na Novartis há a convicção de que só poderão realmente ser efetivas se tiverem acesso a dados “limpos” e válidos. Vas Narasimhan não tem dúvidas de que esse é o principal desafio que a indústria farmacêutica terá de superar se quiser tirar partido das novas ferramentas computacionais para levar a cabo cálculos e simulações que permitem apurar qual o efeito de diferentes substâncias em órgãos, tecidos ou células dos seres humanos.
Apesar de um teste promissor com o serviço nacional de saúde britânico, o diretor da Novartis recorda que há ainda um longo trabalho a fazer para garantir a normalização de dados e a interoperabilidade de registos eletrónicos de saúde dos pacientes, a fim de permitir que diferentes entidades tenham acesso à informação. “É importante levar os registos de saúde eletrónicos para um novo nível”, lembrou.
Narasimhan admite que a indústria farmacêutica tem sabido tirar partido das ferramentas informáticas para acelerar resultados. “Tudo o que a pandemia nos mostrou foi o poder da ciência”, diz o executivo, lembrando o anúncio de uma primeira vacina (a entrevista possivelmente foi gravada antes de outros anúncios de vacinas que surgiram nos últimos dias) e outros fármacos já desenvolvidos. “Muitas outras coisas virão”, lembrou.
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