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por Hypescience

 

Nova pesquisa realizada com ratos aponta uma descoberta interessante: durante o sono, as conexões entre células cerebrais – que detêm as informações aprendidas ao longo do dia – sofrem um encolhimento massivo. Isso significa que, todos os dias, uma pessoa acorda com o cérebro ligeiramente menos conectado do que na noite anterior.

Esse processo abre espaço para que possamos aprender novas memórias, enquanto as mais fracas se perdem. Como diria o autor Marie Kkondo, esse é o método cerebral de “ordenar magicamente as mudanças da vida”.

“Quando estamos despertos, aprendendo e nos adaptando aos ambientes, sinapses – ou as conexões entre os neurônios – ganham força e crescem”, diz a neurocientista Chiara Cirelli, da Universidade de Wiscosin-Madison. “Mas não é possível manter esse crescimento desenfreado. Em algum momento, elas se saturam”.

 

Reset cerebral

Após mais de uma década de estudo, Cirelli e seus colegas finalmente encontraram evidências diretas de que as sinapses se recompõem e reiniciam durante a noite. As pesquisas foram relatadas em fevereiro na Science. Através de microscopia eletrônica, utilizada para examinar milhares de fatias cerebrais ultrafinas retiradas de camundongos acordados e adormecidos, foi descoberto que, após o sono, o tamanho da maioria dessas sinapses – especificamente, a superfície na qual dois neurônios se tocam – é reduzido em cerca de 18%.

Ainda que as descobertas tenham se originado a partir da pesquisa com ratos, Cirelli suspeita que essa restauração sináptica também ocorra nos seres humanos. Segundo a cientista, a evidência indireta, por exemplo, das gravações eletrofisiológicas do cérebro antes e depois do sono, reforça essa ideia.

 

 

 

Esse encolhimento parece poupar memórias importantes. Cerca de 20% das sinapses, que eram as maiores e poderiam conter memórias já bem estabelecidas, não sofreram redução. Ao mesmo tempo, lembranças menos importantes podem não ser completamente excluídas, mas apenas reduzidas – embora cada uma das sinapses encolha individualmente, o padrão geral das conexões que constituem a memória permanece.

 

O cérebro precisa estar offline, ou desligado, para que esse encolhimento ocorra, o que poderia ser uma das razões pelas quais dormimos. “É o preço que pagamos para que seja possível aprender coisas novas”. Ainda assim, o propósito principal de adormecer continua em discussão. Há quem sugira que a função central do sono é reparar a maquinaria celular desgastada, e uma série de estudos evidenciam o papel crítico do sono na consolidação das memórias.

Juntamente à pesquisa anterior, realizada em moscas, “essas descobertas apoiam fortemente a ideia de que o reinício sináptico é uma função antiga e evolutiva do sono”, diz Niels C. Rattenborg, do Instituto Max Plank de Ornitologia em Munique, que não estava envolvido nesse novo estudo. Em outras palavras, esquecer informações não essenciais pode ser tão vital quanto aprender novos conteúdos. [Scientific American]

 

 

 

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Joni Mengaldo

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