curas - MERCADO - DikaJob2024-03-29T09:31:19Zhttps://dikajob.com.br/profiles/blogs/feed/tag/curasO perigo dos remédios falsos e 'curas milagrosas' que inundam a internethttps://dikajob.com.br/profiles/blogs/o-perigo-dos-remedios-falsos-e-curas-milagrosas-que-inundam-a-int2019-03-06T14:00:00.000Z2019-03-06T14:00:00.000ZDikajob Newshttps://dikajob.com.br/members/Dikajob<div><p><a href="http://www.dikajob.com.br"><img src="https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/116EE/production/_105860417_0db242e7-e4ff-47ea-9549-bce0b7ce6d81.jpg?profile=RESIZE_710x" width="600" class="align-full" alt="_105860417_0db242e7-e4ff-47ea-9549-bce0b7ce6d81.jpg?profile=RESIZE_710x" /></a></p>
<p><span class="media-caption__text" style="font-size:8pt;">Curandeiros que tentam solucionar tudo com uma espécie de 'poção mágica' sempre existiram - <span class="image-and-copyright-container"><span class="story-image-copyright">GETTY IMAGES</span></span></span><br /></p>
<p><span style="font-size:12pt;">BBC</span></p>
<p></p>
<p class="story-body__introduction"><span style="font-size:12pt;">Um elixir milagroso para curar todos os males? Sim, "tão garantido quanto que o sol derrete o gelo".</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Esta é uma das promessas de panfletos que circulavam no século 19 e garantiam que certas poções tinham propriedades curativas.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">No caso de doenças relacionadas a parasitas, a solução era se livrar deles e, para conseguir isso, a pessoa tinha que tomar o elixir.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Os efeitos prometidos eram verdadeiramente "mágicos". Um dos panfletos incluía o depoimento de Julie, uma mulher que assegurava ter perdido um membro que, após tomar a poção, "voltara a crescer".</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">O tempo passou e a ciência avançou. As pesquisas mostraram que essas curas "mágicas" não existem. Certo?</span></p>
<div id="comp-pattern-library" class="distinct-component-group container-parrot wsoj-component"><p><span style="font-size:12pt;">A questão é que pessoas que se aproveitam da necessidade dos outros sempre existiram - e essa realidade não mudou, apesar do fato de estarmos em 2019.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Atualmente, a oferta é vasta: há quem ofereça soluções para perder peso, para cuidar da pele e até para substituir vacinas, só para citar algumas.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">A diferença no século 21, no entanto, é que essa mensagem sem base científica é propagada e amplificada pela internet.</span></p>
<p></p>
<span class="image-and-copyright-container"><a href="http://www.dikajob.com.br"><img src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/EFDE/production/_105860416_6de942aa-50d1-4f11-aebc-0f6ba243ef91.jpg?profile=RESIZE_710x" width="600" class="align-full" alt="_105860416_6de942aa-50d1-4f11-aebc-0f6ba243ef91.jpg?profile=RESIZE_710x" /></a><span class="story-image-copyright" style="font-size:8pt;"><span class="media-caption__text">Aqueles que se descrevem como 'naturopatas' oferecem alternativas à medicina tradicional - </span>GETTY IMAGES</span></span><br /><br />
<h2 class="story-body__crosshead"><span style="font-size:12pt;">Tratamentos pseudocientíficos</span></h2>
<p></p>
<p><span style="font-size:12pt;">O caso de Britt Marie Hermes ilustra o poder das redes.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">"Eu era curandeira. Vendia remédios naturais e tratamentos pseudocientíficos. Me identificava como médica naturopata", diz ela.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Tudo começou com a experiência infeliz que ela teve com um médico que consultou para cuidar da sua psoríase. Ele a tratou com displicência e ela decidiu buscar alternativas.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Na internet, se identificou com o que encontrou. Havia pessoas que estavam na mesma situação e tudo o que ela lia fazia sentido.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Havia recomendações relacionadas a práticas saudáveis, como o consumo de produtos orgânicos. Nada controvertido. Por que seria um problema? Muita gente acaba imersa nesse mundo usando o mesmo raciocínio.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Tudo parecia tão lógico que ela decidiu se dedicar profissionalmente ao tema.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">"No começo, eu era ingênua, achava que, se o site fosse bem feito, era confiável", recorda.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Mas um dia, seu chefe, que estava tratando uma pessoa com câncer, comentou que usaria um remédio que vinha do exterior, mas não havia chegado.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">"Certamente o FDA (órgão do governo americano que fiscaliza alimentos e remédios) reteve, mas não tem problema", teria dito.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Naquele dia, ela decidiu abandonar o trabalho que vinha fazendo até então.</span></p>
<span class="image-and-copyright-container"><a href="http://www.dikajob.com.br"><img src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/177CE/production/_105860269_5e55b63c-f538-4871-b7c2-23a8c1e24651.jpg?profile=RESIZE_710x" width="500" class="align-center" alt="_105860269_5e55b63c-f538-4871-b7c2-23a8c1e24651.jpg?profile=RESIZE_710x" /></a></span><span class="media-caption__text" style="font-size:8pt;">A venda de remédios falsificados ou 'alternativos' na internet é um negócio lucrativo - <span class="image-and-copyright-container"><span class="story-image-copyright">GETTY IMAGES</span></span></span></div>
<div class="distinct-component-group container-parrot wsoj-component"><br /> <br /><p><span style="font-size:12pt;">Atualmente, Hermes aproveita o potencial multiplicador da internet e se dedica a combater os "charlatães" que oferecem seus serviços na rede.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">O objetivo dela é "hackear" esses grupos usando palavras-chave e técnicas de marketing digital para que suas informações apareçam no topo das pesquisas do Google.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Ela tem uma vantagem: sabe como esse mundo funciona, então, entende qual é a forma mais eficaz de chegar às vítimas em potencial na rede.</span></p>
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<h2 class="story-body__crosshead"></h2>
<h2 class="story-body__crosshead"><span style="font-size:12pt;">A cruzada de Myles</span></h2>
<p><span style="font-size:12pt;">Há também aqueles que se dedicam a expor as falhas dos "remédios" que não têm base científica.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Este é o caso de Myles Power, químico por formação e youtuber cético nas horas vagas. O canal dele tem 126 mil inscritos e seus vídeos já foram vistos mais de 13 milhões de vezes.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">"Consegui desmentir as pessoas que dizem que a Aids não existe. Outra coisa é um creme chamado 'pomada negra', quem a promove garante que é capaz de curar o câncer. É uma substância que pode abrir buracos nas pessoas", explica Power.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">"Mas acho que a pior coisa que está circulando no momento, é a 'solução mineral milagrosa'. Basicamente, é cloro. E é vendida como uma cura para o autismo", diz o químico.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Ele afirma que é muito fácil ganhar dinheiro com a venda de "poções mágicas", que são muito populares.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">"Existem aqueles que têm um problema de saúde e estão com medo porque não querem morrer antes do tempo. Querem se curar e acreditam que assim vão conseguir".</span></p>
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<span class="image-and-copyright-container"><a href="http://www.dikajob.com.br"><img src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/C8CE/production/_105860415_acda5e50-6c3f-435d-8691-2b73fb075597.jpg?profile=RESIZE_710x" width="600" class="align-full" alt="_105860415_acda5e50-6c3f-435d-8691-2b73fb075597.jpg?profile=RESIZE_710x" /></a><span style="font-size:8pt;">O</span></span><span class="media-caption__text" style="font-size:8pt;">s grupos nas redes sociais propagam e reforçam suas crenças - <span class="image-and-copyright-container"><span class="story-image-copyright">GETTY IMAGES</span></span></span></div>
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<h2 class="story-body__crosshead"><span style="font-size:12pt;">Fator importante</span></h2>
<p><span style="font-size:12pt;">Outro elemento que explica o sucesso dos charlatães, particularmente em relação aos grupos que se opõem às vacinas, é o fator emocional.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">E aqui, novamente, tanto a internet quanto as redes sociais desempenham um papel fundamental.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">"Se você vê um amigo fazendo referência a um assunto no Facebook, é mais provável que você perceba a informação como confiável e dê uma chance para saber do que se trata", explica Naomi Smith, socióloga digital da Federation University Australia.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">É assim que o ciclo se forma, os membros do grupo - seja qual for o procedimento, a ideia ou a cura de que estão falando - se reforçam mutuamente.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">E apesar de verem o tempo passar e que não está funcionando, "a maioria está convencida de que, antes de se sentir melhor, sua condição vai piorar", diz Hermes.</span></p>
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<span class="image-and-copyright-container"><a href="http://www.dikajob.com.br"><img src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/539E/production/_105860412_a84b6922-fc14-47d9-aada-ad40129641b3.jpg?profile=RESIZE_710x" width="600" class="align-full" alt="_105860412_a84b6922-fc14-47d9-aada-ad40129641b3.jpg?profile=RESIZE_710x" /></a></span><span class="media-caption__text" style="font-size:8pt;">Para combater os charlatães, há aqueles que se dedicam a expor as falhas dos 'remédios' que não têm base científica - <span class="image-and-copyright-container"><span class="story-image-copyright">GETTY IMAGES</span></span></span><br /> <br />
<h2 class="story-body__crosshead"><span style="font-size:12pt;">Decifrando a rede</span></h2>
<p><span style="font-size:12pt;">Além disso, há um elemento tecnológico que os charlatães têm usado para atingir mais pessoas nas redes sociais: o algoritmo.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">"Muitos conseguiram enganá-lo. No Facebook, por exemplo, eles começam a compartilhar fotos de gatos, algo terno e adorável. Fazem isso nove vezes e no décimo post, dizem que a Aids não existe e que não é necessário usar camisinha porque não é real", explica Power.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">"O Facebook pensa nas pessoas que curtiram os nove primeiros posts, e mostra a elas o décimo. Aqueles que veem, clicam. Então, o Facebook começa a mostrar também posts relacionados àqueles que negam a existência da Aids".</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Assim, as pessoas acabam inseridas em um círculo em que todos estão convencidos de que aquilo é verdade e replicam ideias que não têm base científica.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Além disso, elas têm convicção absoluta de que a mensagem é verdadeira.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">"Se você mexer com a tribo, eles vão te atacar", destaca Power.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Embora seja verdade que controlar a estratégia do algoritmo é um desafio, não significa que seja impossível dar visibilidade à ciência na internet.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Esse tipo de falsificação existia muito antes da chegada da internet. É um problema social que requer uma solução social.</span></p>
<br /></div></div>Gênio da matemática e cientista se unem para encontrar curashttps://dikajob.com.br/profiles/blogs/genio-da-matematica-e-cientista-se-unem-para-encontrar-curas2018-06-14T16:19:42.000Z2018-06-14T16:19:42.000ZDikajob Newshttps://dikajob.com.br/members/Dikajob<div><p><img src="{{#staticFileLink}}9849551283,original{{/staticFileLink}}" width="171" height="113" alt="9849551283?profile=original" /></p>
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<p><span style="font-size:12pt;">Há 10 anos, o caçador de medicamentos Mark Murcko estava pensando em movimentos.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">À época diretor de tecnologia da Vertex Pharmaceuticals, Murcko era um pioneiro. É raro que um cientista consiga levar uma única droga ao mercado no decorrer da carreira. Murcko ajudou a descobrir cinco, incluindo tratamentos contra a hepatite C e o HIV. O sucesso de que ele e a Vertex desfrutaram se baseava em uma ideia aparentemente simples: compreender a estrutura física das proteínas que provocam doenças é a chave para produzir medicamentos que funcionam.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Revelar a constituição de proteínas doentes transformou a Vertex, fundada em 1989, em uma das maiores empresas de biotecnologia do mundo. Ajudou também a revolucionar a pesquisa farmacêutica. Antigamente, a descoberta de novos medicamentos era, em grande parte, um exercício de tentativa e erro, e os métodos que Murcko e a Vertex usavam transformaram a identificação de novos medicamentos em um processo mais racional.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Mas Murcko estava consciente do que não sabia. Ele não sabia como as proteínas se moviam.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">As proteínas, incluindo aquelas que contribuem para as doenças, estão em constante movimento e se transformam rapidamente. Murcko acreditava que se os pesquisadores pudessem compreender melhor esse movimento, conseguiriam prever com mais precisão onde uma droga se ligaria a uma molécula, um avanço que poderia tornar mais rápida e previsível a descoberta de novos medicamentos.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">A pesquisa que ele e outros caçadores de medicamentos usavam se baseava em imagens tridimensionais da forma das proteínas. Para fazer as visualizações, os cientistas transformam as proteínas em cristais que parecem joias ou cacos de vidro quando vistos em um microscópio. Os pesquisadores, então, fazem uma radiografia da molécula cristalizada, e a partir do padrão da luz espalhada conseguem extrapolar sua estrutura.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">O problema é que, para modelar o movimento de uma proteína, Murcko precisava de um poder de computação que ninguém tinha -- máquinas que precisariam ter ordens de magnitude mais poderosas que qualquer coisa disponível à época.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">"Passei muito tempo naquele ano analisando o problema, não do ponto de visto teórico, mas de um ponto de vista bastante pragmático", disse Murcko, que é também professor de Engenharia Biológica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). "A pergunta era, será que as ferramentas disponíveis para a ciência no momento são boas o bastante para possibilitar a compreensão do movimento das proteínas? Minha conclusão em 2008 foi que não."</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">A situação mudaria vários anos depois, contudo, graças a um dos analistas quantitativos mais célebres de Wall Street.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">David E. Shaw é um dos gerentes de fundos de hedge de maior sucesso da história, um gênio da matemática cuja abordagem quantitativa para os investimentos, muito semelhante à do contemporâneo James Simons, da Renaissance Technologies, ajudou a revolucionar o negócio antes parado de equilibrar os riscos financeiros enfrentados por seus clientes ricos. A firma de investimentos que ele fundou em 1988, a D.E. Shaw & Co., administra mais de US$ 47 bilhões atualmente.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">A antiga estrela do gerenciamento de recursos havia feito uma segunda carreira como biólogo computacional de renome internacional. Em 2014, Shaw foi eleito para a Academia Nacional de Ciências dos EUA, honraria recebida também por Albert Einstein, J. Robert Oppenheimer e Robert Langer, um professor de Engenharia Química do MIT e uma figura reverenciada no setor de biotecnologia.</span></p>
<p></p>
<p><span style="font-size:12pt;"><strong>Shaw estava bastante ciente do enigma que incomodava Murcko.</strong></span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Antes que seu grupo de pesquisa começasse a trabalhar, em 2002, a simulação molecular mais longa já executada havia durado 10 microssegundos -- 10 milionésimos de segundo. Para observar mutações em proteínas, o grupo de Shaw precisaria executar uma simulação que pudesse durar um tempo exponencialmente maior do que a tecnologia atual permitiria.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Aquilo era um enorme problema de computação. Uma simulação do tipo estaria "muito além da capacidade de um supercomputador comum de propósito geral, até mesmo da capacidade dos mais rápidos do mundo", disse Shaw, em conferência de 2016 na Biophysical Society, uma organização científica internacional com sede nos EUA.</span></p>
<p></p>
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<p></p>
<p></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Para conseguir simulações mais longas, o grupo de Shaw teria que construir seu próprio supercomputador. A máquina que construíram, batizada de Anton em homenagem ao cientista holandês do século 17 Anton van Leeuwenhoek, a primeira pessoa a ver bactérias em um microscópio, é um chamado supercomputador massivamente paralelo. Construído em 2008, o Anton é usado exclusivamente para simulações de proteínas e outras moléculas. Um sucessor, o Anton II, construído em 2013, era na época 180 vezes mais rápido que o supercomputador de propósito geral, em parte porque foi desenvolvido para um único propósito.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">"Isso não significa que sejamos mais inteligentes que os outros desenvolvedores de supercomputadores", disse Shaw no discurso para o grupo de biofísicos. "Apenas podemos nos dar ao luxo de desenvolver para uma finalidade particular."</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Em outubro de 2014, Murcko, que havia deixado a Vertex e pensava no que fazer a seguir, se reuniu em Bar Harbor, no estado americano de Maine, com Alexis Borisy e Craig Muir, do Third Rock Ventures, um fundo de investimento com sedes em Boston e São Francisco que tem financiado algumas startups de biotecnologia elogiadas, como Editas Medicine, Bluebird Bio e outras. A exemplo de Murcko, eles se perguntavam como desvendar o movimento molecular.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Murcko, os executivos do Third Rock e outras pessoas do setor farmacêutico acompanhavam de perto o trabalho que Shaw vinha fazendo após abandonar o mundo das finanças. O ex-gerente de recursos havia publicado diversos trabalhos científicos que geraram um alto nível de interesse. O grupo abordou Shaw para tratar de uma possível colaboração.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Quase dois anos depois, em setembro de 2016, a Relay Therapeutics foi fundada por Shaw e seu grupo de pesquisa, Murcko, Matthew Jacobson, professor e presidente do conselho do Departamento de Química Farmacêutica da Universidade da Califórnia em São Francisco, e Dorothee Kern, professora de Bioquímica da Universidade Brandeis e investigadora do Howard Hughes Medical Institute.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Em escritórios apertados em Cambridge, químicos medicinais, biólogos estruturais e pesquisadores em informática estão desenvolvendo os modelos de proteínas da Relay. Trabalhando a partir de raios X tridimensionais, os especialistas em computação fazem previsões a respeito de como as moléculas poderiam se mover, que são validadas no laboratório. Posteriormente, eles usam algoritmos para combinar substâncias químicas que se liguem a moléculas para ver como esses medicamentos seriam afetados pelo movimento da proteína. Os químicos fazem os compostos e os biólogos os testam.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">Trata-se de um casamento de técnicas experimentais e computação de ponta que é diferente do que fazem os departamentos de pesquisa de empresas maiores, e isso tem animado os investidores. Até o momento, a empresa captou US$ 120 milhões em financiamento, incluindo investimentos do Third Rock, da GV, braço de capital de risco da Alphabet, e da Section 32, uma firma de capital de risco criada por Bill Maris, fundador da Google Ventures.</span></p>
<p><span style="font-size:12pt;">A Relay espera desenvolver seus primeiros medicamentos para o tratamento do câncer. A empresa de capital fechado não forneceu nenhum detalhe a respeito dos compostos que seu processo gerou, ou de quantos candidatos a medicamentos possui até o momento. Mas a companhia espera iniciar os testes clínicos no ano que vem. Se a companhia for bem-sucedida, o cronograma vislumbrado pela Relay eliminaria anos do processo tradicional de descoberta de medicamentos.</span></p>
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