195d.jpg

REUTERS/Alessandro Bianchi

A Third Point LLC, fundo de investimento americano que impulsionou mudanças em empresas que vão da Nestlé SA à Campbell Soup Co., adquiriu uma participação na fabricante da Ray-Ban, a EssilorLuxottica SA, segundo informaram no domingo fontes próximas do assunto.

O fundo Third Point, liderado pelo investidor multimilionário Daniel Loeb, tem a EssilorLuxottica como alvo em plena luta de poder no seio da maior fabricante mundial de lentes e óculos, após a sua criação no ano passado através de uma fusão de 48 mil milhões de euros entre a francesa Essilor e a italiana Luxottica.

Concebida como uma fusão entre iguais, esta degenerou numa batalha pelo controlo entre o fundador da Luxottica, Leonardo Del Vecchio, e o presidente da Essilor, Hubert Sagnieres. Os dois lados anunciaram uma trégua em maio, mas a empresa ainda enfrenta incertezas enquanto procura um CEO que possa cumprir a poupança anual de 600 milhões de euros prometida pela fusão.

A Third Point reuniu com Del Vecchio, atual presidente executivo da EssilorLuxottica e que detém aproximadamente um terço da empresa, segundo indicam duas das fontes, que não revelaram detalhes sobre a reunião ou sobre a participação exata do fundo de investimento.

A Third Point recorre frequentemente a melhorias operacionais em empresas cujas ações poderiam ser impulsionadas por uma estratégia diferente, embora não seja claro qual será a posição do fundo de investimento nova-iorquino sobre a direção da EssilorLuxottica. A Third Point ainda está em processo de aquisição de ações da EssilorLuxottica, revela uma das fontes.

As fontes pediram para permanecer anónimas, uma vez que o investimento da Third Point na EssilorLuxottica é confidencial. A EssilorLuxottica, que tem uma capitalização de mercado de 57 mil milhões de euros, e a Third Point recusaram-se a comentar.

Um representante da Delfin, a holding de Del Vecchio, também se recusou a comentar.

De acordo com um acordo que expira em 2021, Essilor e Luxottica deveriam ter o mesmo peso na gestão da empresa combinada. No entanto, as tensões surgiram em novembro do ano passado, quando Del Vecchio escolheu Francesco Milleri, seu braço direito e diretor executivo da Luxottica, Francesco Milleri, como o próximo CEO.

A disputa atinigiu um ponto crítico em março, quando a holding Delfin de Del Vecchio disse que iria solicitar a arbitragem da Câmara de Comércio Internacional, o que levou a Essilor a pedir a um tribunal de Paris que nomeasse um mediador externo.

Os investidores, entre os quais se encontram a Baillie Gifford, a Comgest, a Edmond de Rothschild Asset Management, a Fidelity International, a Guardcap e a Phitrust Sycomore Asset Management, argumentaram que a integração corporativa estava a ser prejudicada por uma "grande crise de governança".

Os seu esforço para colocar diretores independentes na direção da EssilorLuxottica falhou numa votação com os acionistas.

Em maio, as duas partes concordaram em encerrar a sua disputa legal. Del Vecchio e Sagnieres decidiram que Milleri e Laurent Vacherot, atual CEO da EssilorLuxottica, fossem conjuntamente responsáveis por supervisionar o processo de integração e definir a estratégia.

O prazo limite para encontrar um novo CEO foi definido para o final de 2020. Milleri e Vacherot concordaram em não se apresentarem para o cargo.

Num gesto que mostrou que ambos os lados deixaram de lado algumas das uas diferenças, a EssilorLuxottica anunciou no mês passado que iria adquirir o grupo ótico holandês GrandVision NV por um valor de até 7,2 mil milhões de euros em dinheiro.

A GrandVision, cujas cadeias incluem a Vision Express no Reino Unido e a For Eyes nos Estados Unidos, oferecerá à EssilorLuxottica o controlo de mais de 7 mil pontos de venda em todo o mundo, onde já vende marcas como lentes Varilux e óculos de sol Ray-Ban. Outras das marcas da EssilorLuxottica são a Oakley, a Persol e a Oliver Peoples.

É provável que o acordo enfrente um intenso escrutínio por parte dos reguladores de concorrência. A União Europeia aprovou a fusão da Essilor e da Luxottica após um longo e exaustivo estudo.



Um desafio para os conglomerados

A Third Point, que conta com 15 mil milhões de dólares em ativos sob gestão, passou o ano a competir com os maiores conglomerados do mundo e disse aos investidores que planeia fazer mais investimentos ativos onde acredite ter uma vantagem.

Em junho, pediu à Sony Corp para dividir o negócio de semicondutores e vender ações da Sony Financial e de outras unidades, a fim de se posicionar como uma empresa global de entretenimento.

A empresa também pediu à United Technologies Corp para cancelar a sua fusão aeroespacial com a empresa norte-americana de defesa Raytheon, qualificando o acordo como "mal concebido". No início deste mês, o fundo revelou que havia reduzido a sua participação na United Technologies.

No primeiro semestre de 2019, o principal fundo da Third Point registou um rendimento de 13,1%, impulsionado pelos ganhos em muitas das suas posições ativistas, que vão desde a Nestlé até à Sony.

Traduzido por Estela Ataíde

Por Fashion NetWork

Enviar-me um e-mail quando as pessoas deixarem os seus comentários –

DikaJob de

Para adicionar comentários, você deve ser membro de DikaJob.

Join DikaJob

Faça seu post no DikaJob