MERCADO

O Globo
Jornalista: André Coelho

Prefeitura confirma retorno de aulas presenciais na rede em 24 de fevereiro para alunos da pré-escola ao segundo ano A prefeitura informou ontem que os profissionais de educação do Rio serão incluídos na prioridade de vacinação contra a Covid-19. Eles serão imunizados logo após os idosos e pessoas com comorbidades. grupos prioritários que são o próximo alvo da campanha na etapa que começará assim que todos os profissionais de saúde tiverem recebido a vacina. O retorno às aulas presenciais na rede municipal será em 24 de fevereiro para alunos da pré-escola e para os 2a anos do Ensino Fundamental.

— Os profissionais de educação vão entrar na prioridade e serão vacinados logo após os idosos c pessoas com comorbidades —garantiu o secretário de Saúde, Daniel Soranz. — Isso vai estar condicionado, obviamente, à disponibilidade das vacinas.

Soranz destacou que os profissionais da educação idosos e com comorbidades serão vacinados antes, junto com os grupos populacionais que serão atendidos depois do pessoal da Saúde. Ele destacou que a imunização será para todos os que atuam nas escolas, e não só para os professores.

O anúncio da retomada das aulas presenciais nas escolas da prefeitura foi feito ontem pelo secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha, e pelo prefeito Eduardo Paes.

— A sociedade não pode achar normal que crianças fiquem sem estudar. Os filhos dos pobres estão abandonados, largados, sem alternativa —disse Paes.

O retorno das atividades nas escolas será escalonado, com a volta do 3a ano em diante e das creches de duas a três semanas após o dia 24. O turno presencial terá apenas três horas. A lotação nas turmas será limitada pelo nível de contágio em cada região, divulgado semanalmente pela prefeitura.

RODÍZIO ENTRETURMAS

Nas regiões com risco moderado, as escolas poderão receber até 75% do total de alunos. Com risco alto, o li- miteseráde50%, percentual que cai para 30% quando o risco for muito alto. Nesses casos, as escolas poderão fazer rodízio entre as turmas, que também terão atividades a distância.

Segundo Ferreirinha, escolas com dificuldade para se adaptar a protocolos de distanciamento e higiene podem ter o início das atividades adiado: —Queremos que todas as escolas possam voltar logo. Mas uma escola que esteja mais adequada aos protocolos pode voltar antes de outra. Vivemos um momento atípico, em que temos que nivelar por cima.

O plano de retomada prevê o início de atividades a distância no dia 8 de fevereiro, por meio do aplicativo RioEduca, a ser lançado pela prefeitura. Segundo Ferreirinha, uma parceria com as operadoras de telefonia vai permitir o uso de até 1 gigabyte por mês de forma gratuita para acesso ao aplicativo.

Ferreirinha explicou que o retorno é opcional, e que as escolas vão definir se adotam o ensino totalmente presencial ou híbrido a partir da demanda e das regras de lotação que acompanharão o nível de risco divulgado semanalmente pela prefeitura.

—Nossa expectativa é que o turno de retorno presencial seja de três horas, um turno reduzido, para que a gente possa fazer o escalonamento a fim de evitar os horários de pico nos transportes —disse o secretário.

Ferreirinha afirmou que 44 das 1.543 unidades estão em situação crítica, conforme mapeamento feito pelo órgão: — Entre escolas, creches eEDIs, 44 precisam de uma atenção muito grande. Além disso, 432 necessitam de uma atenção maior da nossa parte em questões pontuais.

ENSINO HÍBRIDO

A partir da retomada das aulas presenciais, os alunos continuarão com o ensino híbrido de acordo com as necessidades de cada unidade. O plano prevê o acompanhamento de casos suspeitos e confirmados de Covid-19 entre alunos e professores, com o afastamento de toda a turma por até 14 dias em caso de suspeita ou confirmação, com a continuidade das aulas em ambiente remoto. Caso uma escola tenha mais de um caso confirmado em diferentes turmas em menos de duas semanas, a unidade inteira poderá ser fechada, a critério da secretaria.

Infectologista da UFRJ e integrante do comitê de especialistas, Alberto Chebabo elogiou a reabertura das escolas, e destacou que sempre é possível voltar atrás dependendo do quadro da doença. Mas defendeu que a educação seja priorizada.

— O Brasil é o país do mundo que está há mais tempo afastado da educação adequada para a sua juventude. Não existe nenhum país do mundo que considerou as escolas com risco tão alto —afirmou ele. — Educação não é só educação for- mal. O fechamento das escolas tem um impacto no aprendizado cognitivo das crianças. Elas precisam de socialização.

Médica pediatra e representante do Unicef no Brasil, Luciana Phebo também aprovou as medidas do plano de retomada.

—As crianças são as principais vítimas ocultas da pandemia — alertou. —Já se sabe que a escola não é um espaço que dissemina o vírus quando se implementa protocolos seguros, criteriosos, como esses que estão sendo adotados.