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Veja Saúde / Site 
Autor: Carlos Eduardo Barra Couri

Medicamento evitou desfechos mais graves da infecção pelo coronavírus, revela estudo italiano. Nosso colunista contextualiza essa história.

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Uma pesquisa italiana publicada no periódico médico Diabetes Care aponta que a sitagliptina, um remédio prescrito no tratamento do diabetes tipo 2, pode reduzir desfechos graves relacionados à Covid-19.

Trata-se de um estudo observacional e retrospectivo — isto é, que examina um grupo de pessoas tratadas dessa forma — em que foram acompanhados 338 pacientes com diabetes tipo 2 internados por pneumonia causada pelo coronavírus em centros de saúde do norte da Itália. No hospital, todos eles foram submetidos a um protocolo terapêutico padrão com insulina, mas só metade recebeu também a sitagliptina, um comprimido que melhora o controle da glicose e do diabetes tipo 2.

Os pacientes tinham, em média, 69 anos, ou seja, estavam naquele famoso grupo de risco para quadros severos de Covid-19. A turma que utilizou insulina + sitagliptina teve um risco de mortalidade 63% menor do que aqueles que usaram apenas insulina. Além disso, a necessidade de ventilação mecânica (procedimento para lidar com a falta de ar) foi 73% menor entre as pessoas tratadas com sitagliptina. Elas também tiveram alta hospitalar mais precoce.

No estudo, não foram observados efeitos colaterais ligados à medicação, mas, por se tratar de uma evidência preliminar, novas pesquisas devem ser feitas para confirmar o real benefício da sitagliptina em pessoas com diabetes que apresentam infecção pelo coronavírus. O dado, de qualquer forma, é animador. Pesquisas prospectivas, com maior número de pacientes e seguimento mais longo poderão ratificar esses achados iniciais.

Um ponto ainda sem resposta é se a sitagliptina seria útil em indivíduos sem diabetes. O mecanismo pelo qual o remédio é capaz de melhorar os desfechos na Covid-19 ainda não foi completamente elucidado, mas especula-se que a proteção se deve à sua ação anti-inflamatória. Ora, sabemos que nos quadros graves de Covid-19 os pacientes sofrem justamente de uma inflamação exacerbada.

Compartilhada a descoberta, não custa lembrar que o modo ideal de evitar as complicações e sequelas do coronavírus é prevenindo a infecção. Não importa se você tem ou não diabetes, não se esqueça de higienizar as mãos com frequência, respeitar o distanciamento social e usar máscaras se precisar sair por aí.

(*) Carlos Eduardo Barra Couri é endocrinologista e pesquisador da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), além de autor do livro O Futuro do Diabete (Ed. Abril). Aqui ele mapeia os cuidados e os avanços para o controle do problema.

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