As máscaras N95 oferecem mais proteção?

O Estado de S.Paulo 

Jornalista: Paula Felix

Com a circulação das novas variantes do coronavírus, países europeus, como a Alemanha, passaram a exigir o uso de máscaras profissionais pela população em locais públicos e com grande circulação de pessoas. Especialistas afirmam que o modelo N95, ou PFF2 (peça facial filtrante), é o mais eficaz para evitar a infecção por aerossóis, mas não deve ser usado em todas as ocasiões.

 

Pós-doutorando na Faculdade de Medicina na Universidade de Vermont, o físico e membro do Observatório Covid-19 Vitor Mori diz que, desde o começo da pandemia, o Brasil já deveria ter investido na oferta da máscara N95 (PPF2) para a população que está mais exposta ao vírus. “O Brasil cometeu um erro na contenção e se preocupou mais com as gotículas maiores, com as superfícies, mas sabemos da infecção por inalação de pequenas gotículas, pelos aerossóis, e isso custou muitas vidas. Ir nessa direção agora é recuperar um atraso de nove meses.”

 

Segundo Mori, as máscaras de tecido eram soluções temporárias, embora possam ser usadas para locais ao ar livre e que permitam o distanciamento social. Para situações de risco, o correto seria adotar a N95. “Em ambientes fechados, mal ventilados, aglomerados, como ir para o hospital ou posto de saúde, no transporte público lotado. É um uso consciente”, exemplifica. Mori explica que a PFF2 conta com uma camada de filtragem eletroestática, que induz carga e atrai as partículas em aerossóis para o filtro.

 

“Elas conseguem filtrar 94% das partículas de 0,3 micrômetro de diâmetro.” No entanto, o uso precisa ser correto. Caso contrário, a eficácia da proteção será afetada. “A PFF2 ajusta bem ao rosto, praticamente sem vazamento de ar. Ela tem de estar bem justa ao rosto, com o elástico preso na cabeça e no pescoço. O ar não pode passar pela lateral. Não adianta o filtro ser bom e o ar passar.” Uso. Essas máscaras são descartáveis, mas, durante a pandemia, a sua reutilização passou a ser considerada como algo possível diante da escassez do produto, que é utilizado por profissionais de saúde que atuam na linha de frente na luta contra a doença.

 

“Teoricamente, no cenário ideal, sem pandemia e sem falta de insumos, ela só deveria ser utilizada uma vez. Mas as pessoas podem usar o máximo de vezes possível para não faltar para os profissionais de saúde. Enquanto a máscara estiver inteira, com a manta filtrante íntegra, sem painéis descolando, dá para reutilizar.” Ele alerta que a máscara não pode ser lavada nem ser higienizada com álcool, pois isso danifica a camada eletroestática. “Após o uso, ela deve ser pendurada longe da luz do sol direta e o novo uso pode ser feito depois de, no mínimo, três dias.” A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou neste mês recomendações sobre a máscara em que cita a reutilização do produto, mas destacando que ele é direcionado a profissionais de saúde. “A recomendação é de que os respiradores sejam reutilizados pelo mesmo funcionário desde que mantenham sua integridade estrutural e funcional e o filtro não esteja sujo ou danificado.” Para Alexandre Naime Barbosa, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e coordenador do Departamento de Infectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu, a ideia de usar a máscara N95 é melhorar a proteção diante nas novas variantes, mas a transmissão por aerossol não é a principal forma de infecção e o Brasil precisa seguir as recomendações básicas antes de avaliar o uso desse modelo pela população.

 

 

Ele explica que a N95 tem um fator de proteção a mais, que é evitar a transmissão por aerossol, uma transmissão não tão frequente na covid19, porque ocorre mais em ambiente hospitalar, onde há aerossol decorrente de intubação, quando está nebulizando. No dia a dia, diz Barbosa, a transmissão mais importante é por gotícula na hora de falar, tossir, espirrar perto. ‘Sem o básico’. “Se temos de fazer algo para mudar a situação, é seguir as medidas de proteção que já são clássicas: uso de máscara, distanciamento social e higiene das mãos.

 

Então, isso é um cuidado a mais que os países da Europa estão fazendo, mas, talvez, a gente não esteja fazendo a lição de casa básica. Por vários motivos, essa não é a preocupação principal, nem cabe essa discussão no Brasil. A gente está tendo aglomeração. A gente não segue nem o básico.”

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