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Valor Econômico

Jornalista: Ediane Tiago

30/09/20 - “O setor estava com o freio de mão puxado”, afirmou Claudio Terra, diretor de inovação do Hospital Israelita Albert Einstein ao analisar o ritmo da transformação digital na área da saúde, durante webinar promovido pela Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) em agosto. Segundo ele, a lacuna de digitalização ficou evidente com a chegada do novo coronavírus. “A pandemia rompeu obstáculos culturais e nos forçou a avançar no uso de dados e telemedicina.”

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Na Eretz.bio, incubadora do Albert Einstein, Terra presencia, desde o início do ano, o crescimento vertiginoso de startups atuantes em segmentos como saúde mental e nutrição. Elas atendem à necessidade de quem está em casa, mas precisa e quer se cuidar. “O brasileiro aceita bem os serviços digitais. Mas na área da saúde, que é extremamente regulada, a transformação digital ia se arrastando por resistências dos profissionais.”

Para Paulo Bastian, diretor-presidente do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, os ganhos com telemedicina vieram para ficar. A instituição já possuía atendimento a distância, com ferramentas para consultas e orientações. Ampliou a oferta dos serviços digitais a pacientes crônicos e profissionais ligados a áreas como oncologia, psicologia clínica e nutrição. Segundo ele, médicos e pacientes se engajaram no atendimento virtual e estão gostando da nova rotina. “Também implementamos um sistema de prescrição eletrônica, facilitando o envio de receitas.”

Marcos Philippsen, diretor executivo da Eroimmun Brasil, empresa de medicina diagnóstica, também aponta a tendência de aceleração da transformação digital em todos os elos da cadeia. Para ele, o desafio está em expandir o conhecimento e a experiência das ilhas de excelência - como o Einstein e o Oswaldo Cruz - para o todo o sistema. “Ainda há muito trabalho para interligar o médico, o paciente, a operadora do plano, os hospitais e os laboratórios.” Outra questão é entender o ganho real da integração das informações para a decisão clínica e o cuidado amplo à saúde. Como exemplos de sucesso, ele cita operadoras verticalizadas como a Intermédica e a Prevent Sênior. “Só é possível viabilizar a operação deles com a integração das informações, evitando desperdícios.”

Na área de medicina diagnóstica, os equipamentos - a maioria importados - geram informações que podem ingressar nos sistemas de informação. A tecnologia está madura, existe há mais de 15 anos. “Só que para criar bancos de dados eficientes, é preciso recolher as informações da rede de máquinas, trata-las e deixa-las disponíveis. Estamos atrasados nesta fase”, alerta Philippsen.

Márcio Pereira, líder de transformação digital da SulAmérica, que também participou do webinar da Anpei, destacou o papel da digitalização na criação de um modelo de saúde acessível e sustentável. “Há muito mais nesta equação do que o momento da consulta.” Segundo ele, a crise econômica reduziu a renda das famílias e, para garantir o acesso aos serviços, será necessário diversificar a linha de produtos e fechar parcerias com os hospitais. Outra questão crítica para as operadoras de saúde são os programas de prevenção e promoção da saúde. “Não é fácil fazer isso, mas só conseguiremos equilíbrio se formos capazes de manter os beneficiários saudáveis.”

Os especialistas concordam que o setor demanda novos modelos de negócios, por isso tem atraído startups. Rodrigo Correia, CEO da Suprevida - uma espécie de market place da saúde - viu a demanda crescer a partir de janeiro deste ano. A empresa conecta fornecedores e consumidores de produtos médicos. A ideia nasceu, em 2018, quando o pai de Correia enfrentou um câncer no intestino e voltou para casa com uma bolsa de colostomia. “Não sabíamos por onde começar. Precisamos buscar lojas e informações de como manusear e higienizar a bolsa.”

Ele percebeu como a área de produtos médicos é fragmentada, tem ineficiências e falta conteúdo para auxiliar pacientes e familiares. “A comunicação era ruim e ninguém ligava os pacientes e lojas.” Com a chegada da pandemia, a plataforma atraiu pequenas e médias empresas de saúde., com aumento da demanda por equipamentos em consultórios, clínicas, casa de repouso e hospitais.”

Rubem Ariano, sócio fundador da Filóo Saúde, destaca as vantagens de tecnologias como telemedicina, big data e inteligência artificial, principalmente, no atendimento primário. Segundo ele, a orientação médica por telefone, antes da pandemia, já reduzia em 70% a ida ao pronto-socorro dos associados da Filóo. Com o uso mais intenso do vídeo, ele espera alta nesse índice. O acesso aos serviços é outra vantagem da transformação digital, uma vez que é possível praticar preços mais baixos em consultas, exames e medicamentos.

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