O Estado de S.Paulo
Jornalista: Fabiana Cambricoli e Felipe Resk
08/08/20 - Integrante do Observatório Covid19 BR, a epidemiologista Maria Amélia Veras avalia que, no primeiro momento, o País acertou em focar no cuidado com pacientes graves, investindo na busca de respiradores e de leitos de UTI – os últimos aumentaram em 45% durante a pandemia, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM).
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Em seguida, no entanto, o Brasil teria passado a “acumular muitos erros pelo caminho”.
“O coronavírus chegou por pessoas de estratos socioeconômicos mais elevados, que haviam viajado para o exterior. Até aí havia relativo sucesso das medidas de combate. A situação saiu completamente do controle quando o vírus atingiu as camadas mais vulnerabilizadas da população”, diz Maria Amélia.
“O número de 100 mil mortes é absolutamente emblemático de como o Brasil lidou com a pandemia até agora.” Na visão de Maria Amélia, as ações de saúde “esqueceram que a transmissão do vírus se dá pela população”. “Só metade das pessoas aderiu ao isolamento social. Agora, com as pessoas esgotadas de ficar em casa, assistimos a um processo de reabertura desordenado, para o qual não nos preparamos.”
Para o físico Silvio Ferreira, da Universidade Federal de Viçosa, há várias circunstâncias a considerar. Enquanto a melhora da prática médica para lidar com pacientes graves ajuda a reduzir as mortes, a reabertura econômica antecipada e a chegada do vírus a cidades menores puxam o índice para cima.
“O futuro da pandemia depende de todos esses fatores”, diz Ferreira. “Se o relaxamento das restrições acelerar, o número de 200 mil mortes pode ser atingido em pouco tempo.”
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