O Globo
Jornalista: Indefinido
06/07/20 - A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma há tempos que o novo coronavírus se dissemina principalmente a partir de gotas que pessoas infectadas expelem por meio da tosse ou de espirros e que, uma vez liberadas no ar, elas caem rapidamente no chão, por seu peso.
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Mas, em uma carta aberta enviada à organização — que também será veiculada na revista americana “Clinicai Infectious Diseases”, na semana que vem — , 239 cientistas de 32 países citam evidências de que partículas menores, que podem ficar suspensas no ar por muito mais tempo, podem infectar as pessoas em ambientes fechados. Eles pedem que a OM S revise as recomendações sobre contaminação, com o publicou o “New York Times**, anteontem.
Em entrevista ao jornal, cientistas e consultores da OM S disseram que a organização, apesar das boas intenções, está fora de sintonia com a ciência e que seu comitê de prevenção e controle de infecções é lento na atualização de orientações e está vinculado a uma visão rígida e excessivamente médica das evidências científicas.
A reportagem afirma que o Sars-CoV-2 está encontrando novas vítimas em todo o mundo, dando origem a focos de infecção que confirmam cada vez mais o que muitos cientistas vêm dizendo há meses: o vírus permanece no ar em ambientes fechados.
Se a transmissão aérea for um fator importante na pandemia, as consequências para a contenção serão significativas. Máscaras podem ser necessárias em ambientes fechados, mesmo com distanciamento social. Os profissionais de saúde podem precisar de máscaras N95 que filtram até as menores gotículas.
Benedetta Allegranzi, líder técnica da Organização das Nações Unidas para o Controle de Infecções, disse que as evidências do vírus espalhado pelo ar não são convincentes — Especialmente nos últimos dois meses, temos declarado várias vezes que consideramos a transmissão aérea possível, mas não suportada por evidências sólidas.
No início de abril, um grupo de 36 especialistas em qual idade do ar e aerossóis pediu à O M S para considerar a crescente evidência de transmissão aérea do novo coronavírus.
A agência respondeu de imediato, fazendo contato com Lidia Morawska, líder do grupo e antiga consultora da OMS, para marcar uma reunião.
Mas a discussão foi dominada por especialistas que são fortes defensores da lavagem das mãos e, de acordo com alguns participantes na reunião, os conselhos do com itê permaneceram inalterados.
— Sabemos desde 1946 que tossir e falar geram aerossóis — disse Linsey Marr, especialista em transmissão aérea de vírus da Virgínia Tech. — Os cientistas não conseguiram fazer crescer o coronavírus a partir de aerossóis no laboratório, mas isso não significa que eles não sejam infecciosos. (DoNYT)
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