Maior rede de medicina diagnóstica do Brasil, a Dasa anunciou nesta quinta-feira a aquisição de 100% do laboratório argentino Diagnóstico Maipú, que também é o maior do país vizinho. A transação marca o início da internacionalização da Dasa e do próprio setor de medicina diagnóstica. Até então, nenhum laboratório brasileiro havia adquirido uma operação no exterior.
Com oito unidades em Buenos Aires, o Maipú realiza, principalmente, exames de imagem e atende ao mercado premium. “Pesou na escolha da aquisição o fato deles investirem muito em tecnologia e pesquisa científica. Acreditamos que há oportunidades de crescimento em patologia e genética, áreas que ainda são pouco exploradas no Maipú”, disse Romeu Côrtes Domingues, presidente do conselho da Dasa.
A transação, cujo valor não foi divulgado, será quitada em parcelas e haverá um adicional em caso de metas pré-estabelecidas atingidas. Os fundadores e principais gestores do Maipú permanecem.
O mercado de medicina diagnóstica na Argentina é bastante pulverizado e ainda está em fase inicial de consolidação. Em Bueno Aires, principal cidade do país, cerca de 30% da população têm convênio médico, sendo que a maior parte é administrada pelos sindicatos trabalhistas. O modelo de saúde dominante na Argentina é o das Obras Sociales em que os custos médicos são divididos entre o Estado e o usuário final.
A internacionalização é um projeto que já estava no radar da Dasa desde 2015, quando Pedro Bueno assumiu a presidência da companhia. Nesses quatro anos, foram investidos R$ 1,7 bilhão em inovação médica, tecnologia, equipamentos e expansão das unidades. A estratégia de investimento neste período é bem diferente dos anos anteriores quando o foco eram as aquisições de concorrentes. Atualmente, a Dasa é dona de cerca de 828 unidades distribuídas em 43 diferentes laboratórios. No total, a Dasa realiza 250 milhões de exames por ano.
Nos últimos dois anos, uma parte relevante dos esforços da Dasa tem sido em inovação e genética. Bueno, inclusive, deixou o dia a dia da companhia para se dedicar aos projetos de inovação da companhia que, atualmente, é liderada por Carlos de Barros Jorge Neto, que até outubro era vice-presidente financeiro. A expectativa é que em dez anos o negócio de genética seja maior do que a companhia atual, cuja receita líquida foi de R$ 3 bilhões no ano passado.
O Maipú é a primeira aquisição internacional, mas desde o ano passado a Dasa já vem trabalhando fortemente com laboratórios de outros países para desenvolvimento de pesquisa científica, o que acaba contribuindo para a companhia brasileira se aproximar de empresas internacionais. Em outubro, a gigante americana Quest Diagnostics, maior laboratório do mundo com receita de US$ 7,5 bilhões em 2018, criou um grupo com sete laboratórios para pesquisa clínica e transferência de tecnologia. A Dasa foi escolhida para representar o Brasil ao lado de laboratórios da Europa, Ásia, Oriente Médio e Austrália.
Fonte: Valor Econômico
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