Executivos ressaltam formação acadêmica sólida de Teich

Valor Econômico

Jornalista: Beth Koike

20/04/20 - Um estudioso. Essa é a definição unânime entre médicos e executivos do setor de saúde ouvidos pelo Valor sobre o oncologista Nelson Teich, novo ministro da Saúde, que substitui Luiz Henrique Mandetta.

A expectativa de pessoas que acompanham sua carreira, marcada por forte formação acadêmica, é que Teich tende a priorizar mais a ciência, mas não deve ser tão radical na política de isolamente social como seu antecessor. Uma das teses que o oncologista defende é uma quarentena mais flexível baseada em dados e projeções matemáticas que levem em consideração, por exemplo, o número de casos de covid-19 em comparação com a oferta de leitos, além de testagem da população.

Essa visão mais pragmática seria fruto da sua experiência como fundador e gestor de uma rede de clínicas oncológicas, a COI, que atraiu fundo de private equity e depois foi vendida para a Amil, em 2015. De lá para cá, fez um PhD na Inglaterra sobre economia da saúde e estudou remuneração baseada em resultado médico, um dos temas mais discutidos atualmente na área da saúde. Deu consultoria de gestão empresarial para várias empresas como, por exemplo, o Hospital Albert Einstein, e nos últimos seis meses vinha prestando consultoria para o Ministério da Saúde. Há muitos anos o oncologista não atende pacientes.

Pessoas próximas a ele também contaram que Teich tem jogo de cintura e zero de aspiração política, o que pode ajudar na interlocução com o presidente Jair Bolsonaro.

Os colegas de Teich também apontam uma série de dificuldades que o novo ministro deve enfrentar. Entre elas, estão a possibilidade de interferência de Bolsonaro que já disse ter intenção de indicar nomes para a pasta, a polarização política em questões como isolamento social e uso do hidroxicloroquina, a falta de experiência com o SUS e de trânsito na vida pública que pode dificultar na escolha de seus secretários executivos.

Uma possibidade apontada é a permanência de Denizar Vianna, um dos braços-direito de Mandetta. Denizar e Teich fizeram alguns trabalhos de consultoria juntos, segundo fontes.

Além disso, o oncologista chega num momento crítico da pandemia do novo coronavírus, com vários hospitais da rede pública praticamente em sua capacidade máxima, e a propagação da doença nas periferias.

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