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UOL 
Fonte: Agência RFI


16/06/20 - O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou hoje que a França irá relocalizar uma parte da produção de medicamentos, vacinas e equipamentos utilizados no setor da saúde. Em visita à unidade de produção de vacinas do grupo farmacêutico Sanofi em Marcy-l'Etoile, nas proximidades de Lyon (sudeste), Macron disse que a França deve recuperar sua "independência tecnológica, industrial e sanitária".

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O presidente francês informou que irá liberar 200 milhões de euros para financiar infraestruturas de produção de medicamentos, bem como centros de pesquisa e desenvolvimento, com o objetivo de "corrigir vulnerabilidades francesas" na área da saúde. "Na próxima quinta-feira, vamos lançar uma iniciativa de relocalização da fabricação de alguns produtos críticos", anunciou. "Todos viram nessa crise [do coronavírus] que remédios de uso frequente não eram mais produzidos na França nem na Europa", explicou o chefe de Estado.

No início de abril, no auge da epidemia de covid-19 na União Europeia, médicos de vários países, inclusive franceses, denunciaram a escassez de relaxantes musculares, sedativos e analgésicos para os doentes internados em unidades de terapia intensiva. Também faltaram reagentes para a fabricação de testes de diagnóstico do novo coronavírus. "Essa crise nos mostrou que devemos continuar a produzir em nosso país e em nosso continente", enfatizou Macron.

Durante a visita de Macron, o diretor-geral do grupo Sanofi, Paul Hudson, anunciou, por sua vez, um plano de investimentos de 610 milhões de euros na construção de uma nova plataforma de produção de vacinas, na mesma região. A nova fábrica terá capacidade para produzir três a quatro vacinas simultaneamente, contra apenas uma nas instalações atuais. "Esse investimento é extremamente significativo e a prova da importância dessa independência que a França deve recuperar - independência tecnológica, industrial e sanitária", martelou o chefe de Estado.

O grupo francês Sanofi, que é um dos principais atores mundiais na produção de vacinas, trabalha atualmente no desenvolvimento de duas vacinas contra a covid-19, previstas para 2021.

O laboratório farmacêutico gerou controvérsia no mês passado, quando seu diretor-geral, Paul Hudson, evocou a possibilidade de favorecer os Estados Unidos no fornecimento da futura vacina. Na época, Hudson se justificou dizendo que o governo americano estava investindo milhões de dólares na busca de uma vacina contra o novo coronavírus.

Poucas horas depois, o grupo voltou atrás na declaração infeliz, explicando que os americanos provavelmente teriam acesso ao produto de forma mais rápida por serem menos burocráticos do que os europeus na liberação da fórmula para o comércio.

Corrida científica tornou-se uma questão de soberania
A competição global na busca da vacina anti-covid opõe grandes laboratórios: Glaxo GSK, Sanofi Pasteur, Merck, Pfizer, Johnson e Johnson e Astra Zeneca. Todos são capazes de realizar o processo de descoberta até a fabricação do produto final.

Diante da pandemia que paralisou as maiores economias do planeta, e já matou 436 mil pessoas, a corrida científica para a descoberta da vacina anti-covid é comparável à conquista do espaço na década de 1960. Tornou-se uma questão de nacionalismo econômico.

As grandes potências mundiais têm promovido elevados investimentos na pesquisa. O objetivo é garantir o suprimento, com fábricas em seu território, se possível, e também restaurar a imagem, muitas vezes manchada por erros na gestão da pandemia. Cada um acalenta, à sua maneira, a esperança de estar associado ao fabricante que vai ganhar a corrida do século.

Mais de uma centena de projetos de vacina contra o vírus Sars-CoV-2 estão em andamento, mas apenas um será, por assim dizer, um vencedor, o primeiro que será validado. No mercado de vacinas, é preciso ser o primeiro para ganhar a aposta.

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