Imunização coletiva é arma poderosa para frear doenças

O Estado de S.Paulo
Jornalista: Larissa Gaspar

21/10/20 - Enquanto o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirma que a vacinação será obrigatória no Estado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que as pessoas não serão obrigadas a tomarem o imunizante. Especialistas ouvidos pelo Estadão ressaltam que a vacina, independentemente da estratégia, é uma ferramenta coletiva de saúde pública. “Em momentos de epidemias, ou pandemias, o mais importante não é a falta de doença no indivíduo e sim a quantidade de hospedeiros que um vírus tem para circular. A vacinação cria resistência ao vírus e quanto mais pessoas resistentes menos pessoas o vírus pode infectar. A vacina em massa é uma ferramenta poderosa de controle de doenças”, afirma Flávio Guimarães da Fonseca, virologista da UFMG.

Gonzalo Vecina, ex-presidente da Anvisa e professor da USP, aponta que é papel do Ministério da Saúde desenvolver campanhas para estimular que as pessoas aceitem ser vacinadas.
O principal risco em não imunizar as pessoas é a maior incidência de doenças que poderiam ser evitadas. “As vacinas que temos hoje são seguras e os efeitos colaterais são absolutamente suportáveis, como febre, mal-estar, dor de cabeça. Não há razão para evitar tomar a vacina. (No entanto) em tempos de epidemia se não se consegue cobrir 60% a 70% da população o vírus continuará circulando”, diz ele, colunista do Estadão.

Conforme Fonseca a estratégia para a vacinação da covid-19 será “dentro das possibilidades”, uma vez que não haverá imunizante para 7 bilhões de pessoas no planeta a curto prazo.
“O ideal seria vacinar todo mundo, principalmente no caso do coronavírus, uma doença que não possui distinção de gênero, raça ou faixa etária”, diz.

O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, reforça que se vacinar é ter empatia. “É mais do que proteger a si mesmo, é agir com consciência. A conscientização é muito mais efetiva que a coerção. Não se vai imunizar uma pessoa amarrada. A obrigatoriedade, no caso de imunização de crianças, visa a criar uma norma legal sobre a importância da vacina. Para adultos, é mais difícil”, conta.

“Em um país democrático, é complicado obrigar a vacinação. Mas qualquer estratégia de vacinação deve ser ampla. Caso contrário, teremos grupos populacionais descobertos”, explica Fonseca. Como a vacinação em massa não será possível em futuro próximo, a primeira medida seria escalonar a vacina, priorizando grupos de risco e profissionais da linha de frente de combate ao coronavírus.

Com diversas vacinas em desenvolvimento, Vecina afirma que não é indicado que uma pessoa tome mais de um tipo. “Antes de qualquer indicação nesse sentido, porém, terão de ser feitos testes específicos para ver se existe algum tipo de incompatibilidade.
A princípio, uma pessoa que foi imunizada por uma vacina não pode tomar outra.”

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