O Globo

Jornalista: Thiago Herdy

18/04/20 - O sangue de pacientes recuperados da Covid-19 é a principal aposta do consórcio que uniu a Universidade de São Paulo e os hospitais Sírio-Libanês e Albert Einstein para tentar reduzir o tempo de pacientes graves nas UTIs e o impacto da pandemia no sistema de saúde.

Há duas semanas, o Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) aprovou a realização do procedimento, que consiste na transfusão do plasma — a parte líquida do sangue —de um paciente recuperado para alguém internado em estado grave. Espera-se que os anticorpos presentes no plasma forneçam imunidade às pessoas com a doença. Os primeiros resultados devem sair em meados de maio.

Profissionais dos dois hospitais iniciaram nesta semana o recrutamento de pacientes que foram infectados e atualmente estão recuperados, para que doem plasma convalescente com anticorpos. A chamada tem sido feita principalmente pelas redes sociais das instituições. Ao menos 90 pessoas haviam atendido ao primeiro chamado, até a noite de anteontem. Para serem aceitos, os participantes não podem ser portadores de outras doenças infecciosas (como HIV e sífilis) e precisam testar negativo para o coronavírus.

Após a primeira seleção, são submetidos a uma série de exames. Amostras de sangue são encaminhadas ao laboratório de virologia da USP, para verificar se o volume de anticorpos presente é o suficiente para matar novos vírus. Em caso positivo, o paciente recuperado é novamente convocado a ir ao hospital para doar um volume maior de sangue. — Estimamos que, no fim, cerca de 40% dos indivíduos selecionados realmente tenham cond

ições de doar, porque têm os anticorpos neutralizante sem concentração suficiente—explica o médico Silvano Wendel Neto,diretor do Instituto de Hemoterapia do Hospital Sírio-Libanês e um dos coordenadores do estudo.

MENOR SOBRECARGA

Após essa etapa, a iniciativa prevê a administração de um total de 600 ml de plasma convalescente por um período de dois ou três dias em pacientes que estão na UTI. O objetivo é diminuir sintomas da infecção e da carga viral no organismo, resultando em uma menor utilização de leitos de U TI e diminuição da sobrecarga no sistema de saúde. Até ontem, as UTIs dos principais hospitais de São Paulo apresentavam lotação acima de 60%.

O governo estadual calcula que, com o atual índice de isolamento, até o próximo mês o sistema estará com capacidade esgotada. A terapia está em vias de ser estendida a unidades de saúde, como os hospitais das Clínicas da USP e da Unicamp. Iniciativa semelhante vem sendo aplicada em diversas partes do mundo — como EUA, Itália, Austrália, Inglaterra, França e Espanha —, mas ainda não há estudo amplo e conclusivo sobre o alcance da terapia.

Resultados desses estudos devem aparecer nas próximas semanas. Trabalhos incipientes realizados na China já apontaram que não há efeito colateral importante coma terapia e registraram alguma melhor ano quadro.

— Não se trata de solução mágica, onde você administra o plasma e no dia seguinte o paciente está de alta, em casa, como se fosse um super homem. O que se busca é reduzir a dependência do respirado redar tem popa rapara que o próprio organismo produza anticorpos e fique bem —ressalta Wendel Neto. Ainda não há tratamento comprova do que cure o paciente coma Covid-19.

Os cuidados ofertados atualmente são de suporte e tratamento de sintomas, como febre, tosse e dor no corpo:

— É temporário, estamos só melhorando as condições do paciente. Acura mesmo só virá coma vacina. Nessa hora, esse tipo de terapia não terá mais função.

Originalmente, o plano era estabelecer um grupo de controle do experimento, que em vez de plasma receberia um placebo. Do ponto de vista da força do estudo, a medida o tornaria mais forte, com resultados mais consistentes. No entanto, a ideia foi deixada de lado por conta “do ponto de vista ético, que seria mais complicado ”. Para comparação de resultados, serão considerados dados de pacientes já tratados pela doença.

— Temos que ter um pouco de paciência, mas também sermos rápidos. Porque, se o estudo for muito prolongado, começar tardiamente, a pandemia terá acabado —afirma.

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), o Hospital do Coração (HCor) e a Unicamp reuniram em estudo, em parceira com o Ministério da Saúde, artigos científicos para identificar e avaliar evidências sobre a eficácia e a segurança do plasma.

Foram analisados três estudos observacionais do tipo “série de casos” e 15 estudos clínicos que estão ocorrendo no mundo. De forma geral, os pacientes apresentaram melhora dos sintomas clínicos e da lesão pulmonar, além de diminuição dos valores de carga viral. Apesar disso, segundo os especialistas, as evidências encontradas até o momento são preliminares, necessitando de mais testes em ensaios clínicos randomizados.

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