País tem alta de pessoas que sofrem com doenças crônicas

Folha de S.Paulo
Jornalista: Diego Garcia

Ainda antes da chegada da pandemia da Covid-19, que até o momento já matou mais de 166 mil pessoas no país, o Brasil já registrava alta na quantidade de pessoas com doenças crônicas, que agora podem ser consideradas fatores de risco para o novo coronavírus.

Segundo dados divulgados nesta quinta (18) pela Pesquisa Nacional de Saúde 2019 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mais da metade (52%) da população adulta era acometida por pelo menos uma doença crônica em 2019, entre diabetes, asma, pressão alta e outras.

Todas elas tiveram crescimento percentual desde 2013, data do último estudo semelhante feito pelo instituto.

A enfermidade que mais afetava brasileiros no ano passado era a hipertensão arterial, atingindo 23,9% da população adulta, ou 38,1 milhões de pessoas. O número representa um aumento na comparação com os 21,4% de seis anos antes.

Já 7,7% da população acima de 18 anos tinha diabetes, ou 12,3 milhões de brasileiros, mais do que os 6,2% de 2013. Ainda cresceu o número de pessoas com asma, indo de 4,4% para 5,3% (8,4 milhões), e com doença do coração, subindo de 4,1% para 5,3% (8,4 milhões).

Os brasileiros com câncer também aumentaram, de 1,8% para 2,6% (4,1 milhões). Já o número de pessoas com colesterol alto foi de 12,5% em 2013 para 14,6% (23,2 milhões) em 2019.

Todas essas enfermidades podem ser consideradas fatores de risco para a Covid-19. E, atualmente, o Brasil é um dos países mais afetados pelo novo coronavírus, somando até o momento 166.067 óbitos e a 5.876.740 pessoas infectadas desde o início da pandemia.

Recentemente, após um período de queda nos casos e óbitos, a Covid-19 vem dando sinais de que pode voltar a crescer no país. No litoral e interior de São Paulo, por exemplo, houve registro de aumento expressivo no total de internados.

Outra doença crônica considerada pelo estudo do IBGE foi depressão, subindo de 7,6% para 10,2% (16,3 milhões de pessoas) de 2013 a 2019. A pesquisa ainda apontou mais 21,6% dos brasileiros com problema crônico de coluna, 7,6% que estavam com artrite, 6,5% com outra doença mental e 2% que tiveram AVC.

A pesquisa foi feita em parceria com o Ministério da Saúde, que afirmou ter investido mais de R$ 221 milhões para aumentar o cuidado e acompanhamento às pessoas com doenças crônicas não transmissíveis

Segundo o secretário de atenção primária, Raphael Parente, a pesquisa é importante para nortear as políticas da pasta, liberando recursos e ampliando as equipes. "Após a análise detalhada desses dados, nós certamente os usaremos para continuar implementando políticas e qualificar ações que já estão em andamento”, disse Raphael Parente.

A pesquisa apontou, por exemplo, que a maioria dos hipertensos - 66,4%, entre os 72,2% que procuraram assistência médica há pelo menos um ano - realizou as consultas junto ao SUS. O mesmo ocorreu com os pacientes de diabetes, com 66,5% entre os 80% que receberam ajuda tendo sido atendidos na rede pública de saúde.

Luciana de Almeida Costa, diretora do departamento de análise de saúde e vigilância de doenças não transmissíveis do Ministério da Saúde, disse que as informações ajudam o monitoramento de metas. “A produção de informações e análises da situação da saúde apoia a implementação de estratégias no SUS”.

Em outubro, o IBGE já havia divulgado que o Brasil encerrou o ano de 2019 com mais de um quarto de sua população adulta na obesidade, outro fator de risco para a Covid. No total, 41,2 milhões de brasileiros, ou 25,9% das pessoas acima de 18 anos, eram considerados obesos.

A condição atingia 29,5% das mulheres (25 milhões) e 21,8% dos homens (16,2 milhões) adultos do país.

Os números também apontaram um crescimento desde o último levantamento, feito em 2013, quando a pesquisa apontava obesidade em 25,7% das mulheres e em 17,9% dos homens acima de 20 anos. Na mesma base de comparação, a edição 2019 do estudo mostrou 30,2% de obesas e 22,8% de obesos.

Segundo estudo publicado no mês passado pelo prestigiado periódico científico inglês The Lancet, em todo o mundo, doenças como obesidade e hipertensão estão diretamente relacionados à diminuição da expectativa de vida. Juntos, criaram uma tempestade perfeita que agora agrava as mortes por Covid-19.

No estudo, desenvolvido pelo Instituto de Métricas e Avaliação da Saúde (IHME, na sigla em inglês), da Universidade de Washington, os pesquisadores avaliaram 286 causas de morte, 369 doenças e lesões e 87 fatores de risco em 204 países e territórios em todo o mundo.

Os dados mostram como o mundo, em especial os sistemas de saúde pública, não estavam preparados para uma pandemia e, pior, como fatores de risco tratáveis e evitáveis, como obesidade e hipertensão, não têm recebido a devida atenção dos programas de saúde globais.

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