por Mariana Mats
Artista plástica, grafiteira e DJ.
Experiências de trabalho anteriores podem ser mais valiosas do que você pensa, mesmo.
Desde pequenininha sempre gostei de desenhar pessoas e personagens. É uma paixão que acabou se tornando a minha profissão: artista plástica. Mas muita coisa aconteceu entre a época em que eu rabiscava na sala de aula até me profissionalizar não só nas artes, mas como DJ.
Não foi uma trajetória linear, até porque eu nem imaginava que a arte poderia se tornar meu ganha-pão um dia. Eu conto um pouco sobre esse percurso (os altos e baixos) no meu episódio da série "Until 18 - O momento da decisão", produzida pela Red Bull.
Ao parar para lembrar disso tudo, percebi o quanto aprendi nessa fase, em que minha vida era bem pouco planejada, e como essas experiências me ajudam ainda hoje. Agora divido aqui com vocês um pouco dessa época que sim, vale a pena colocar no currículo.
Criação de identidade própria
A minha escola de arte foi a rua. Ela influenciou meu estilo, meu modo de pensar e fez com que eu desenvolvesse uma identidade única. Eu comecei super cedo. Com 15 anos já estava mexendo com o business de tags e lambe. Pouco tempo depois, fui apresentada ao universo das baladas e bares, onde estavam as pessoas que dialogavam com este universo de street art que tanto me atraía. Foi assim que consegui o meu primeiro emprego: como garçonete de um bar de uma amiga.
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Contatos valiosos
Importante deixar claro: esse primeiro emprego não era só uma solução para pagar os meus boletos e conquistar minha independência financeira. Até foi (no início!) mas depois isso mudou na minha cabeça. Eu realmente me esforcei e trabalhei duro para aproveitar ao máximo o que essa oportunidade poderia me oferecer. Foi assim que, em poucos meses, virei gerente e durante os próximos dois anos, pude aprender muita coisa sobre gestão de pessoas e sobre como aprimorar processos e fluxos de trabalho. Também fiz contatos valiosos (o tal do networking) com pessoas do cenário musical e de street art como um todo, incluindo o graffiti (uma das minhas paixões!).
Conquista de novas habilidades
Ao trabalhar no LoveLand e no Drops, lugares que marcaram a noite alternativa de São Paulo, me conectei com muitas pessoas e ficou mais fácil conseguir outras oportunidades de trabalho. Ao me permitir viver aquilo tudo, seja como gerente ou hostess de bares e baladas, percebi talentos em mim que acabaram sendo úteis na minha futura carreira. Foi na época que trabalhei no Drops, por exemplo, que comecei a tocar e me descobri como DJ, montando e testando diferentes setlists.
Administração do próprio tempo
Quando se trabalha com criatividade, todo mundo pensa que o artista só precisa criar. Mas não é bem assim. Trabalhar como artista plástica e DJ envolve muito planejamento, disciplina e organização. Quando comecei a conseguir trabalhar só com arte, e me vi dona do meu próprio tempo, precisei colocar em prática o que aprendi lá trás no bar sobre finanças, logística, organização de prioridades, de prazos e claro, ativei contatos importantes colecionados durante os anos trabalhando na noite paulista.
Olhar estratégico
Com o que vivi até aqui, ganhei bagagem para enxergar o meu trabalho de uma perspectiva BEM mais ampla e abrangente para conseguir ser estratégica: analisando os detalhes da produção de um evento, as diferentes linguagens de marcas e as possíveis dinâmicas de interação com diferentes públicos. Trabalho há mais de 15 anos no meio artístico, desenhando, grafitando, criando arte e atuando como DJ. Meu foco está sempre em me tornar uma profissional mais completa. E se parar para pensar, tudo começou lááá atrás, quando eu aprendi a fazer alguns (bons) drinks. Desde então, não parei mais e sabe se lá por onde ainda vou andar.
Ah! E, a quem interessar possa: meu Bloody Mary é ótimo! ;)
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