Doença de Parkinson pode 'começar' antes do nascimento, diz estudo

Paciente que começou a sentir os primeiros sintomas da doença aos 42 anos relata benefícios da técnica de tratamento


Érica Montenegro - Metrópoles

Vinte anos atrás, quando tinha 42 anos, o comerciante Onório Alves da Cruz começou a sentir os primeiros sintomas do mal de Parkinson. Ainda não eram os tremores característicos da doença, mas sim uma rigidez muscular que atrapalhava movimentos simples como dar uma caminhada ou esticar o braço para alcançar um objeto.

Seu Onório buscou tratamento e começou a tomar medicamentos para evitar a progressão da doença. Com o tempo, entretanto, os remédios deixaram de fazer efeito e, em 2017, quando já não conseguia mais dirigir, andar e nem mesmo se alimentar sozinho, seu médico lhe sugeriu uma abordagem diferente.

Onório Alves da Cruz

O tratamento consistia em implantar dois elétrodos no cérebro que emitem estímulos similares aos da dopamina – um neurotransmissor relacionado a várias funções importantes do corpo como o controle dos movimentos, a capacidade cognitiva e a sensação de bem-estar.

Entre as poucas certezas sobre o Parkinson estão as de que ele se relaciona com o envelhecimento e com a queda de dopamina no corpo. Não há, no entanto, explicações sobre as causas da doença e, por isso, ainda é impossível prevenir sua ocorrência ou curá-la. A estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que a doença afete 1% da população mundial acima dos 65 anos.

Técnica
Seu Onório topou a sugestão do médico. Já não via muita graça na vida e, para ele, sair do estado no qual estava, mesmo que fosse para ficar apenas um pouquinho melhor já era alguma coisa. “O médico furou uns buraquinhos na minha cabeça e eu, que tinha entrado no hospital empurrado em uma cadeira de rodas, sai andando”, conta. Bem-humorado, ele brinca que até os inimigos ficaram felizes de vê-lo recuperado.

Percursor deste tratamento no Brasil, o neurocirurgião Murilo Marinho explica que os elétrodos implantados no cérebro dos pacientes são como marca-passos cerebrais. Ao mimetizarem os efeitos da dopamina, ocorre uma melhor orquestração entre os comandos do órgão e os movimentos do corpo. “É um tratamento de longo prazo, com resultados que perduram por dez, 15 e até 20 anos”, conta Marinho, que dá aulas na Escola Paulista de Medicina.

A técnica se chama estimulação cerebral profunda e, recentemente, foi atualizada com a introdução de um equipamento chamado Percept que, além de enviar os estímulos, consegue captar informações sobre o funcionamento do cérebro que, nos exames de rotina, serão úteis para o acompanhamento dos pacientes.

Desde 2017, seu Onório festeja a decisão de ter enfrentado à mesa de cirurgias para fazer os tais “buraquinhos” na cabeça. Ele conta que o aparelho permitiu que ele voltasse a dançar, viajasse para a praia e pudesse, inclusive, dirigir. “Eu renasci, ganhei minha vida de volta”, afirma.

A estimativa é que o tratamento custe a partir de R$ 50 mil. Para pacientes que são elegíveis para a realização da cirurgia e a instalação do aparelho, existe a opção de solicitar a técnica ao Sistema Único de Saúde ou ao plano de saúde ao qual se está vinculado.

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