Rússia quer parceria do Butantan para vacina

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O Estado de S.Paulo
Jornalista: Bruno Ribeiro


30/07/20 - O Instituto Butantã foi procurado por autoridades da Rússia para negociar uma eventual parceria para produção de uma vacina contra o coronavírus, informou ontem o presidente do Butantan, Dimas Covas. As negociações seguem em andamento.

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Covas disse que a parceria não é descartada pelo Butantã, que já está associado ao laboratório Sinovac Biotech para o desenvolvimento da fase 3 de um imunizante chinês. Para isso, entretanto, o instituto aguarda novo contato dos russos, com respostas para algumas informações solicitadas pelo instituto. Covas deu a notícia durante a entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes.

“Fomos procurados por emissários do governo russo, porque essa vacina é feita em um instituto estatal russo”, disse Covas. “Eles queriam saber se nós poderíamos nos associar para a produção dessa vacina.” E acrescentou: “No primeiro momento, nós dissemos ‘olha, até podemos avaliar’, porque é uma tecnologia diferente, que ainda não conhecemos.
Precisamos ter mais dados técnicos para fazer essa avaliação e de dados mais concretos em relação aos estudos já feitos, fase 1 e fase 2, enfim, conhecer melhor a vacina”.

O presidente do Butantã disse ainda que acha “muito prematuro dizer” se o instituto “descartaria uma possível associação para produção dessa vacina lá na frente.” Mas ponderou, também, que o produto russo ainda não está na listagem da Organização Mundial de Saúde como uma vacina já na última fase do processo de desenvolvimento, como estão outros imunizantes – entre eles, o produzido pela Sinovac.

Covas voltou a dizer que vê a da China como a de maior possibilidade de ser produzida primeiro, uma vez que ela usa uma tecnologia já conhecida. Sua expectativa é de que a vacina possa começar a ser aplicada no começo do ano que vem. São Paulo pretende ter capacidade para produzir 100 milhões de doses do produto por ano, e para tanto está arrecadando doações com a sociedade civil.

Fontes ouvidas também ontem pela agência Reuters informaram que o governo russo deve aprovar o uso de uma vacina contra a covid-19 já no mês que vem. O imunizante, do Instituto Gamaleya, deverá ser aplicado em profissionais de saúde na linha de frente do enfrentamento à doença. Segundo a agência, a aprovação será dada em paralelo ao andamento do processo de testagem do produto em larga escala – que ainda está acontecendo –, o que revela a determinação do governo de Moscou de ser o primeiro do mundo a aprovar uma vacina.

Dúvidas

Essa ação levantou, na imprensa ocidental, questionamentos sobre se a Rússia estaria preterindo da segurança e da ciência ante essa determinação. Ao que se informou, Moscou pretende aprovar sua vacina até 10 de agosto.

Ao noticiar a iniciativa, a CNN Internacional comentou que têm sido levantadas preocupações sobre a eficácia, a segurança e os processos de desenvolvimento. Agentes do governo russo ouvidos pela rede de TV afirmam que o objetivo é disponibilizar a imunização ao público em até duas semanas.

Os russos ainda não divulgaram nenhuma informação científica sobre a pesquisa, cuja eficácia ou segurança ainda não foram comprovadas. Críticos dessa aceleração na aprovação da vacina alegam que há uma pressão do Kremlin para que a Rússia seja retratada como uma força científica global.

Outra preocupação é que os testes em humanos ainda estejam incompletos e que a vacina não tenha passado da segunda fase do processo. A ideia seria começar a terceira fase de testagens em 3 de agosto, paralelamente à vacinação dos profissionais de saúde.

Cientistas russos, porém, dizem que a vacina está sendo desenvolvida de forma rápida por ser adaptada de uma versão já existente e usada contra outras doenças. O processo é similar ao que o laboratório Moderna tem desenvolvido com o apoio do governo americano, cujos testes chegaram à fase 3 nesta semana.

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