Rússia tem alta em mortes por Covid-19 com vacinação lenta

Com vacinação lenta, Rússia tem recorde de mortes por Covid e taxa diária maior que a dos EUA - Jornal O Globo

O Globo 
Jornalista: Indefinido

No dia em que a Rússia registrou o maior número de mortes por Covid-19 desde o início da pandemia, 895 nas últimas 24 horas, as autoridades locais demonstraram preocupação com o baixo índice de imunização, com apenas um terço da população tendo tomado a primeira dose. Elas sinalizaram que novas medidas de restrição podem ser anunciadas para conter o avanço das infecções.

Em números absolutos, apenas os EUA registram hoje uma média diária maior de mortes, 1.812, contra a média russa de 863, de acordo com o site Our World in Data, da Universidade de Oxford. No entanto, proporcionalmente ao tamanho da população, a taxa de óbitos pelo coronavírus na Rússia é maior, de 5,92 por milhão de habitantes, em comparação com 5,32 nos EUA. Poucos países têm taxas mais alarmantes, entre eles Suriname (14) e Bulgária (11,97).
Nos últimos oito dias, em seis foi batido o recorde de mortes desde o início da pandemia, incluindo esta terça-feira. Oficialmente, a Rússia acumula 211 mil mortes, mas o número real poderia ser até três vezes maior, segundo a Rosstat, a agência de estatísticas do país. Em termos de infecções, 25.110 casos foram confirmados nas últimas 24 horas, o maior número desde o final de julho e em um patamar próximo do recorde de 29.499, no dia 24 de dezembro do ano passado.

A taxa de vacinação, por outro lado, patina. A Rússia tem quatro imunizantes aprovados para uso, todos produzidos localmente, com a Sputnik V como a principal vacina aplicada. Mas apenas 48,6 milhões de pessoas, 33,8% da população, receberam ao menos uma dose, e 42,5 milhões, ou 29,6% da população, completaram o ciclo vacinal, incluindo com a vacina Sputnik Light, de dose única.

— Os números [da pandemia] são muito ruins, e isso é razão de preocupação. O principal motivo para isso é o nível insuficiente de vacinação — afirmou o secretário de Imprensa do Kremlin, Dmitry Peskov, em entrevista coletiva. — O vírus está se tornando mais violento. E aqueles que não foram vacinados estão ficando muito doentes e infelizmente morrendo.

Em reunião com o presidente Vladimir Putin, a vice-premier, Tatyana Golikova, apontou que o número de infecções apresenta uma alta de quase 31% em comparação com o início de setembro, e que a média móvel de casos está mais de três vezes acima do registrado no mesmo período do ano passado. Ela afirmou ainda que os casos estão em alta em 67 das 85 unidades federativas russas, e há preocupação com o aumento de infecções entre as crianças, que ainda não podem ser imunizadas.

Pelas estimativas de Golikova, outras 35,9 milhões de pessoas ainda precisam ser vacinadas para se atingir um patamar considerado seguro, enquanto 7,6 milhões de pessoas terão que receber doses de reforço.

Em sua intervenção no encontro, o Ministro da Saúde, Mikhail Murashko, afirmou ainda que houve um aumento de 15% no número de internações, mas apontou que apenas 0,03% das quase 212 mil pessoas internadas apresentam quadros graves da doença.

Segundo analistas, a baixa adesão dos russos à vacinação é explicada pela desconfiança em relação ao processo de desenvolvimento dos imunizantes, e muitos não acreditam na palavra das autoridades, que anunciaram uma eficácia de 95% da Sputnik V após a aplicação da segunda dose.

Diante do cenário, o governo não descarta novas medidas de restrição em áreas de alto contágio — segundo Golikova, citada pela agência Tass, poderiam ser instituídas ações específicas em cidades onde a situação sair de controle e acionadas ferramentas de proteção em pequenas e médias empresas, mas sem novas quarentenas. A imprensa local, citando funcionários do Kremlin, aponta que 11 áreas, no Centro e no Sul do país, já são consideradas de alto risco.

Unidades federativas e municípios poderão ainda declarar seus territórios como “livres de Covid”, e receberão incentivos financeiros do governo federal. Além disso, haverá a ampliação do uso de passaportes sanitários, concedidos a vacinados e pessoas com resultados negativos em testes RT-PCR, e hoje exigidos em alguns locais. O governo também não descarta oferecer incentivos, inclusive financeiros, para convencer os céticos a irem até os postos de vacinação.

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