Valor Econômico
Jornalista: Hannah Kuchler, do Financial Times
22/10/19 - A empresa farmacêutica Teva Pharmaceuticals e três distribuidoras de analgésicos opioides conseguiram fechar um acordo com dois condados dos Estados Unidos sobre sua alegada participação na crise de dependência a opioides ontem, poucos momentos antes do começo de um julgamento que, se realizado, teria sido referencial.
As empresas, no entanto, não conseguiram chegar a um acordo mais amplo com as milhares de outras autoridades regionais dos EUA que responsabilizam judicialmente as empresas.
As distribuidoras Cardinal Health, McKesson e AmerisourceBergen, além da Teva, fecharam acordos no valor de US$ 260 milhões com dois condados do Estado de Ohio, de acordo com pessoas a par da questão. As distribuidoras disseram que vão pagar cerca de US$ 215 milhões do total. Após as conversações de última hora, o acordo barrou a realização do primeiro julgamento federal relacionado à epidemia de dependência a opioides agendado para iniciar-se em Cleveland ontem.
“O acordo proposto fará avanços significativos para diminuir a epidemia, ao oferecer recursos e ao aplicar recursos diretamente aos [tão] necessários programas de recuperação de [dependência de] opioides”, disseram advogados dos condados de Summit e de Cuyahoga, também em Ohio.
“Ao longo de todo esse processo, os Condados de Summit e de Cuyahoga investigaram, contestaram e se prepararam para o julgamento referencial que teria começado hoje [ontem], se não ocorresse este acordo. Ao fazer isso, as comunidades revelaram fatos sobre o papel da indústria de opioides que criou e alimentou a epidemia dos opioides.”
As ações da Amerisource Bergen e da McKesson tinham caído quase 4% no começo da tarde de ontem em Nova York, enquanto as da Cardinal Health perderam 2,5% de seu valor. As da Teva tiveram alta de 3,6%, passando a ser negociadas por US$ 7,77.
As distribuidoras disseram “contestar energicamente as acusações”, mas afirmaram acreditar que o acordo foi um “ponto de partida” para uma solução global de todos os processos.
Processos coletivos com mais de 2.700 reclamantes - cidades e condados de todo o território dos EUA - deverão continuar, fazendo acusações, como perturbação pública, associação criminosa e formação de quadrilha às rés envolvidas na produção e distribuição de opioides. As rés negam responsabilidade pela crise.
As fabricantes de opioides também enfrentam contenciosos de Estados americanos, na medida em que os governos tentam cobrir grandes contas de assistência médica e de fiscalização de cumprimento da lei resultantes da Crise. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, ligado ao Departamento de Saúde dos EUA, disseram que 2 milhões de americanos sofrem de distúrbios ligados ao uso de opioides.
Quatro procuradores de Ministérios Públicos estaduais envolvidos nessas conversações - da Carolina do Norte, Tennessee, Pensilvânia e Texas - disseram que o acordo dos condados de Ohio foi um “passo importante” na direção de um marco regulatório para um acordo global, que distribuiria recursos para combater a crise e garantir que as empresas mudem suas práticas comerciais a fim de impedir que semelhante crise na área de saúde volte a acontecer.
O acordo de ontem ocorre após muitas das rés orginárias terem firmado acordo nas semanas que antecederam o julgamento. As empresas farmacêuticas Endo International fechou ambos os processos por US$ 10 milhões, a Johnson & Johnson por US$ 20 milhões e a Mallinckrodt, por US$ 30 milhões.
Mas a rede de farmácias Walgreens, parte da Walgreens Boots Alliance, não fechou acordo. O juiz agendará uma nova data de julgamento.
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