UE barra vacina a país que fabrica doses, mas não exporta

UE endurece regras para exportação de vacinas anti-Covid - Mundo - ANSA Brasil

Folha de S.Paulo 
Jornalista: Ana Estela de Sousa Pinto

A União Europeia (UE) detalhou nesta quarta (24) os parâmetros que usará para barrar exportações de vacinas —e insumos para sua produção— a países que sejam grandes produtores e não estejam enviando doses para o bloco.

Um dos principais afetados deve ser o Reino Unido, a quem a UE acusa de não agir com “reciprocidade e proporcionalidade” no fornecimento de imunizantes contra a Covid-19.

De acordo com o texto, serão suspensos embarques a países que "restringem as próprias exportações de vacinas ou de matérias-primas, por lei ou por outros meios" (reciprocidade) e têm "condições prevalecentes melhores que as do bloco europeu, nomeadamente a sua situação epidemiológica, a sua taxa de vacinação e o seu acesso às vacinas" (proporcionalidade).

Embora o Brasil seja um produtor de imunizantes e esteja na lista de 33 nações que receberam exportações da UE, o país não deve ser afetado pelo critério de "proporcionalidade", que leva em conta a situação local da pandemia e seus recursos econômicos.

A Comissão Europeia não mencionou bloqueios a países específicos e disse que as avaliações serão feitas caso a caso.

Os principais destinos das exportações incluem Reino Unido (10,9 milhões de doses até agora), Canadá (6,6 milhões), Japão (5,4 milhões), México (4,4 milhões), Arábia Saudita (1,5 milhão), Cingapura (1,5 milhão), Chile (1,5 milhão), Hong Kong (1,3 milhão), Coreia do Sul (1 milhão) e Austrália (1 milhão).

Segundo a comissária responsável por Saúde, Stella Kyriakides, a medida é necessária porque o bloco enfrenta uma situação classificada como alarmante: "19 dos 27 membros apresentam aumento no contágio, 15 têm aumento nas hospitalizações, e 8, crescimento das mortes".

Uma das principais causas são variantes mais contagiosas e, no caso da B.117, mais letais —ainda não há dados sobre a letalidade da B.1.351 e da P1. O primeiro mutante já está em 25 dos 27 países, o segundo em 18 e a P1, em 9.

"Essa situação exige mais que medidas de saúde pública ou paciência de nossos cidadãos. Exige que tenhamos as vacinas que contratamos", disse Kyriakides.

Uma das origens das novas regras são sucessivas quebras na entrega de vacinas da AstraZeneca —de controle sueco e britânico— para a União Europeia.

A empresa havia se comprometido com 90 milhões de doses no primeiro trimestre deste ano, mas informou depois que só 40 milhões estariam disponíveis. No fim, acabou entregando apenas 30 milhões.

Para o segundo trimestre, o contrato prevê 180 milhões de doses, mas a fabricante deve entregar 70 milhões. A legislação proposta, porém, afetará não só esse imunizante, mas também aqueles da Pfizer e da Moderna.

No total, segundo a comissão, desde que foi criado o mecanismo de controle de exportações, foram autorizados 380 embarques a 33 países —entre fevereiro e começo de março—, num total de mais de 40 milhões de doses. Uma remessa de 250 mil doses para a Austrália foi bloqueada pela Itália.

Apesar de ter recebido menos vacinas que as contratadas, a UE ainda tem cerca de 11 milhões de doses não utilizadas, dos cerca de 72 milhões distribuídos a seus membros.

Enviar-me um e-mail quando as pessoas deixarem os seus comentários –

DikaJob de

Para adicionar comentários, você deve ser membro de DikaJob.

Join DikaJob

Faça seu post no DikaJob