Última cidade sem Covid-19 em SP prioriza atenção básica

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Folha de S.Paulo 
Jornalista: Marcelo Toledo

13/08/20 - Ela não adotou barreiras sanitárias nem fez desinfecção da cidade inteira com hipoclorito para combater a disseminação do novo coronavírus, mas priorizou a atenção primária à saúde e, nesta quarta-feira (12), era a última das 645 cidades de São Paulo sem nenhum caso da Covid-19.

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Santa Mercedes é uma cidade de 2.939 habitantes na região de Presidente Prudente, de baixa densidade demográfica —16,87 habitantes por quilômetro quadrado, ante a média da região de 36,3— e que, neste ano, segundo a fundação Seade, apresentou taxa geométrica de crescimento negativa (-0,06%).

Sem leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) nem respiradores, a cidade tem enfrentado a pandemia com redução do expediente em repartições públicas e rastreamento estratégico do PSF (Programa de Saúde da Família), com visitas casa a casa dos seis agentes comunitários de saúde, que cobrem 100% dos domicílios.

Um telefone com atendimento 24 horas por dia foi disponibilizado para atender usuários com dúvidas ou suspeitas de descumprimento do isolamento social e a equipe de saúde passa por capacitação semanal.

“Reforçamos muito a questão da prevenção, trabalhamos muito com o PSF. O agente comunitário de saúde é o maior veículo de comunicação e elo entre a família e a equipe de saúde. Damos suporte para esse agente e, principalmente nesse momento, mais ainda”, afirmou a enfermeira Carla Priscila Alves Braga, secretária da Saúde de Santa Mercedes.

Ela disse que as famílias foram preparadas para receber esse profissional, a fim de eduzir eventual rejeição, e o agente faz o atendimento sem precisar entrar na casa da família. “Do portão ele leva a informação necessária para que a família esteja orientada em relação à saúde.”

Além disso, as duas unidades básicas de saúde e órgãos como Vigilância Sanitária passam por desinfecção após o expediente, e quatro funcionários fazem a fiscalização sanitária da cidade.

Há 10 casos de síndrome gripal em investigação, mas nenhum deles tem apresentado sintomas relativos à Covid-19, segundo a secretária. Parte deles deve colher material para exame nesta quinta-feira (13).

Segundo a secretária, barreiras sanitárias não foram implantadas pelo fato de a cidade não ficar na divisa de estado e também por que o município tem pequeno fluxo de entrada e saída de veículos.

A maior parte da população é composta por funcionários públicos e aposentados, que residem na própria cidade. O atendimento ao público pela prefeitura foi reduzido e ocorre das 8h às 13h.

No levantamento divulgado pelo governo paulista nesta quarta (12) aparecem três cidades sem registro da doença, mas duas delas --Arco-Íris e Ribeirão Corrente-- já tiveram casos confirmados do novo coronavírus.

Ribeirão Corrente, na região de Franca, confirmou o primeiro caso na última segunda-feira (10) e tem mais quatro suspeitos. A região é uma das duas únicas na fase vermelha, a mais restritiva, do plano de reabertura das atividades no estado —a outra é a de Registro.

O paciente estava sendo acompanhado pela rede particular e já estava em isolamento, segundo afirmou em vídeo o secretário da saúde da cidade, Etiene Siquitelli Silva.

“Agora é momento de a gente se unir, que a gente realmente redobre os cuidados, é essencial o uso da máscara. Não saiam de casa sem máscara”, disse o secretário.

Já em Arco-Íris, cidade da região de Marília, são quatro casos confirmados até a última semana, de acordo com a enfermeira Milena Silva de Jesus, supervisora da saúde local.

?“O primeiro caso é de 1º de junho. Alguns trabalhavam fora”, disse. Segundo ela, os casos foram informados às instâncias superiores de saúde e os quatro pacientes diagnosticados com a doença já estão curados.
Em comum, as últimas cidades a registrarem casos da doença são pouco populosas. Antes das três derradeiras, foram registrados casos em Florínea (2.676 moradores) e São José do Barreiro (4.147). Ribeirão Corrente tem 4.718 habitantes, enquanto Arco-Íris possui 1.791.

As informações constantes no levantamento do estado são fruto de notificações feitas pelas prefeituras, o que pode explicar o atraso na entrada dos dados no sistema aberto à consulta pela população e, também, eventuais mudanças na localidade de registro do caso da doença.

Em Santa Mercedes, isso ocorreu duas vezes. Na última, um ex-morador com diagnóstico positivo da Covid-19 não tinha atualizado seu endereço e o caso havia sido computado para o município. Posteriormente, após comprovação domiciliar, foi transferido no levantamento estadual.

A secretária de Santa Mercedes, porém, não espera que o status seja duradouro. “Não será um fracasso, de forma alguma [registrar caso de Covid]. Nos sentimos com a missão cumprida, fizemos o que tínhamos de fazer e seguiremos fazendo.”

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