O Estado de S.Paulo
A África do Sul já foi um dos países mais atingidos pelo coronavírus, mas desde que uma nova variante mais transmissível foi detectada há seis semanas, os novos casos e mortes ultrapassaram em muito as ondas anteriores da pandemia. Um levantamento da Universidade Johns Hopkins mostra que o país é o mais afetado do continente africano, com 1,43 milhão de contaminações e 42.550 mortes.
Acredita-se que a variante tenha surgido na província sulafricana de Cabo Oriental. Agora ela já foi encontrada em pelo menos 31 países – incluindo os EUA –, causando temores de que sua disseminação a novas partes do mundo possa levar a novas ondas de contágio.
A variante ainda não provou ser mais letal do que outras, incluindo cepas altamente transmissíveis recentemente detectadas no Reino Unido e no Brasil, mas as mutações que a tornam cerca de 50% mais contagiosa permitiram que ela aumentasse a transmissão já fora de controle na África do Sul.
“Dos casos que sequenciamos na África do Sul, mais de 90% são da nova variante”, disse Richard Lessells, pesquisador chefe da Plataforma de Sequenciamento de Pesquisa e Inovação KwaZulu-Natal, pioneira na identificação de variantes do coronavírus na África do Sul e em outros lugares.
“A rapidez é incrível e assustadora. E parece que estamos nos estágios iniciais desta variante e de outras novas que estão se tornando mais dominantes em todo o mundo.” A ascensão fez com que dezenas de países implementassem proibições aos viajantes que recentemente estiveram na África do Sul, incluindo os EUA.
A Moderna disse que os anticorpos que sua vacina cria são menos eficazes contra a nova cepa da África do Sul do que contra as outras variantes. A empresa informou que está desenvolvendo um reforço e testando um regime de três doses como forma de aumentar a eficácia da vacina contra a variante.
A Pfizer e seu parceiro de pesquisa BioNTech divulgaram ontem um estudo ainda a ser revisado mostrando que sua vacina foi ligeiramente menos eficaz contra a variante da África do Sul, embora as descobertas tenham sido limitadas, pois analisaram o efeito da vacina em duas das 23 mutações totais.
Estudos sul-africanos revelam dezenas de casos de pessoas que contraíram o coronavírus sendo infectadas com a nova variante, sugerindo a possibilidade de reinfecção. / W.POST
Comentários