Venda da Biotoscana pode ser fechada por R$ 1,3 bi

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por  Ana Paula Machado e Stella Fontes

Valor Econômico

10/10/19 - Pelas propostas que estão na mesa neste momento, a Biotoscana pode ser vendida por até R$ 1,3 bilhão, ou R$ 12 por BDR (do inglês Brazilian Depositary Receipt), o equivalente a prêmio de quase 30% frente à cotação atual dos papéis, apurou o Valor. As conversas entre os controladores da farmacêutica e ao menos dois interessados, a brasileira Eurofarma e a canadense Knight Therapeutics, entraram na reta final com ofertas que chegariam a R$ 12,50 o papel.



Segundo fontes de mercado, um acordo pode ser assinado até o fim de semana. Executivos da indústria farmacêutica ouvidos pelo Valor, porém, consideraram o preço de R$ 12 por BDR que baliza as conversas atuais muito alto, embora o papel tenha saído a R$ 26,50 na oferta inicial de julho de 2017. A antiga Mega Pharma, hoje Megalabs, estaria correndo por fora na disputa, apurou o Valor.

Conforme fonte próxima às tratativas, não foi concedida a exclusividade a nenhum dos interessados e, até pouco tempo atrás, a negociação ainda esbarrava no provável encerramento da licença de comercialização do AmBisome (anfotericina B). O contrato com a americana Gilead , que detém o registro do medicamento, contém uma cláusula de saída em caso de troca de controle na Biotoscana, e o produto é relevante para seus negócios.

Indicado para o tratamento, entre outras doenças, da meningite criptocócica em pacientes infectados por HIV, o AmBisome lidera o grupo dos seis medicamentos que, juntos, representaram 53% da receita líquida da Biostocana no segundo trimestre. Nos últimos dias, segundo uma fonte, a farmacêutica conseguiu negociar um “waiver” para essa questão com a Gilead, fazendo com que as conversas para venda do controle voltassem a avançar.

Com o novo impulso, Eurofarma e Knight iniciaram uma disputa pelo ativo com propostas de até R$ 12,50 por ação da Biotoscana, contra os cerca de R$ 9 da cotação de hoje em bolsa - o valor oferecido pela Eurofarma teria ficado abaixo desses R$ 12,50 propostos pela canadense. Ainda assim, é inferior aos R$ 16 por BDR pretendidos pelos vendedores quando a negociação ganhou corpo.

Mas, há incertezas que afetam o valor da companhia. Ainda não está claro, por exemplo, qual será o impacto da fusão entre a biofamarcêutica americana Celgene e a Bristol-Myers Squibb (BMS) nos negócios da Biotoscana. Isso porque a BMS pode retomar a licença para venda do Abraxane/Abraxus (paclitaxel ligado à proteína albumina), usado no tratamento do câncer, no Brasil e no México. O Abraxane aparece entre os 10 principais produtos vendidos pela empresa.

A Biotoscana tem desde o fim de 2017 a exclusividade na comercialização desse medicamento nos dois países. “Na prática, a Biotoscana opera como uma grande distribuidora e isso pode pesar no preço”, disse uma fonte do setor ao Valor.

No início do processo, a Biotoscana despertou interesse de outras companhias, entre as quais a farmacêutica Blau, que não avançou no processo. Perto da data final para a entrega das propostas vinculantes, marcada para 27 de agosto, a gestora DNA Capital se juntou a Roberto Luiz Guttmann, um dos controladores da Biotoscana, para possivelmente apresentar uma oferta mas não houve tempo hábil.

O fundo Advent detém 27,7% do capital da farmacêutica, enquanto a Essex Woodlands é dona de outros 16,9%, e ambas controlam a companhia por meio de acordo de acionistas do qual também participam Robert Friedlander e Roberto Luiz Guttmann. A Biotoscana já confirmou que, se a venda do controle for efetivada, haverá oferta pública de aquisição (OPA) de ações, conforme previsto no estatuto social, pelos 48% de papéis que estão em circulação.

Os recibos da Biotoscana encerram o dia na B3 cotados a R$ 9,64, com alta de 7,1%. Com isso, o valor de mercado da farmacêutica ultrapassou R$ 1 bilhão. Em um ano, contudo, o BDR acumula baixa de 7,5% e, desde o IPO, a desvalorização chega a 64%.

Os papéis apresentaram uma queda mais expressiva quando a Biotoscana confirmou o fim do acordo com a Actelion, em março do ano passado. A empresa detinha a licença para a comercialização de quatro produtos da Actelion na América Latina. De acordo com comunicado ao mercado da Biotoscana na época, esses medicamentos representavam cerca de 15% da margem bruta da companhia na região.

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