[Imagem: Jornal da USP]
Carência de otimismo
Uma pesquisa incluindo várias gerações, feita pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Instituto Gallup, entrevistou adolescentes e jovens, de 15 a 24 anos, e adultos maiores de 40 anos, em 21 países.
Entre os resultados está a constatação de que os jovens são os que mais acreditam na melhoria do mundo, uma crença que se mostrou menos comum nas gerações mais velhas.
Já se sabe que o otimismo melhora a saúde e faz viver mais e também que o otimismo fortalece o sistema imunológico.
Então, como fazer para que as gerações mais velhas recuperem seu otimismo?
"Otimismo não é uma condição da idade porque todas as pessoas têm a capacidade de desenvolver uma habilidade, além de se tratar de um conceito amplo e que envolve diversas variáveis que influenciam a vida das pessoas," destaca a professora Martha Letícia Quintero, do Instituto de Psicologia da USP.
Psicologia positiva
Martha lembra que as pessoas possuem capacidades de desenvolver diferentes habilidades e que, a partir da psicologia positiva, a esperança e o otimismo são vistos como emoções positivas sobre o futuro, havendo, inclusive, evidências sobre como esses aspectos podem se desenvolver.
"Na psicologia positiva, se estudam as capacidades ou fortalezas dos seres humanos, e a esperança é uma delas," exemplifica.
De modo um tanto curioso, um pouco de nostalgia ajuda a aumentar o otimismo.
[Imagem: Wikimedia/Vassil]
A partir desta vertente da psicologia, Martha diz que pessoas otimistas "explicam eventos positivos como um resultado permanente do uso de suas habilidades ou forças", ao contrário dos pessimistas, que "relatam a existência de causas transitórias ligadas a estados de espírito e esforço".
É por isso que a professora vê a necessidade de o indivíduo desenvolver habilidades de autoconhecimento e autoeficácia para se sentir capaz de realizações, aumentar a motivação e esperar por resultados positivos ao planejar o futuro com uma vida que tenha significado e propósito.
E talvez seja essa alta de busca de conhecimento e autoconhecimento que esteja se refletindo nas gerações mais velhas, mais carentes de otimismo e esperança. "As pessoas jovens têm acesso a muitas coisas a mais do que as pessoas mais velhas, podendo influenciar em uma visão mais global e otimista," destaca.
Práticas para aprender a ser otimista
Segundo a professora, "uma pessoa otimista tem um estilo cognitivo diferente, um jeito diferente de interpretar as situações da vida".
Por sorte, existem algumas técnicas derivadas da terapia cognitiva que podem ser incorporadas no dia a dia a partir de práticas simples, para desenvolver a habilidade do otimismo e gerar pensamentos positivos.
Uma dessas práticas, ensina Martha, consiste em escrever os pensamentos negativos e, ao mesmo tempo, "um pensamento positivo que possa rebater essas ideias", uma vez que a tendência do pensamento pessimista é antecipar o pior.
"É importante aprender a identificar esses pensamentos negativos e ir adquirindo a habilidade de debatê-los. Vamos adquirindo a consciência desse estilo de pensamento para ser possível identificá-los facilmente quando surgirem e gerar afirmações positivas das mesmas situações," explica a psicóloga.
Outra prática recomendada é a gestão adequada das emoções: "Podemos realizar práticas para cultivar emoções positivas, uma dessas práticas pode ser a gratidão e a apreciação da beleza," exemplifica Martha. Essas práticas estimulam as novas habilidades, uma vez que "aprender a identificar coisas boas que aconteceram no nosso dia também pode ajudar-nos a mudar as emoções negativas e o jeito de olhar para situações e mudar as interpretações que fazemos das situações".
Essas práticas auxiliam no aprendizado de novas habilidades: Identificar coisas boas que aconteceram ao longo do dia ajuda a mudar as emoções negativas e o jeito de olhar para as situações, modificando as interpretações sobre as situações vivenciadas. "Olhando com autocompaixão, enxergando o bom do nosso dia a dia, vivendo e desfrutando do momento presente," finalizou.
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