A revolução digital da saúde em Israel

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Enquanto o Brasil destina em torno de 9% do PIB para investimentos na saúde, Israel vem utilizando apenas 7,5% e promovendo uma autêntica revolução, com 60% de aumento na adesão aos tratamentos e um ecossistema integrado entre médicos, farmácias e pacientes. O caso de sucesso do país foi tema do painel do Abrafarma Future Trends desta terça-feira, dia 15.

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A condução da palestra ficou a cargo do Dr. Yossi Bahagon, médico e consultor especial da Organização Mundial da Saúde (OMS). Foi ele o responsável por liderar esse processo em Israel, que fomentou investimentos superiores a US$ 5,2 bilhões em tecnologia e a formação de mais de 5,2 mil startups nos últimos três anos. Mas engana-se quem pensa que essa transformação envolveu apenas empresas novatas.

Foi em uma companhia centenária que surgiram várias plataformas hoje acessíveis aos pacientes israelenses. “A Clalit, maior prestadora de serviços de saúde do país, deixou de ser uma senhora de 100 anos para se tornar uma jovem proativa. Graças a esse engajamento entre grupos tradicionais e startups, a população local tem acesso a seu histórico clínico pelo celular e recebe recomendações de saúde realmente personalizadas”, pontua Bahagon.

A Clalit implementou aplicativos que lançam conselhos específicos para cada usuário, a partir de informações do prontuário médico e com uso de sistemas de geolocalização e inteligência artificial. A configuração da ferramenta não habilita orientações genéricas como “dar 10 mil passos”.

“O app pode se integrar à agenda digital do paciente e indicá-lo a tomar um café em um estabelecimento próximo, para se sentir mais disposto antes de uma reunião daqui a 45 minutos. Ou então recomendar a medição de índice glicêmico quando o cliente entra em um restaurante e sugerir o preenchimento de um relatório ao identificar uma frequência cardíaca acima da média”, exemplifica o consultor. “Essas dicas aumentam a probabilidade de adesão”, acredita.

Empoderamento do paciente

O modelo de Israel preconiza o paciente como um parceiro da rede privada e pública. Como exemplo, um pai ou mãe pode adquirir dispositivos como otoscópios e aprende a utilizá-los em seus filhos de maneira intuitiva, sem sair de casa e com apoio de uma plataforma de telessaúde. Quando o sistema detecta o tímpano, ele registra a imagem e automaticamente a foto chega ao médico.

Outra inovação é o GPS do paciente. “Por meio dele, o paciente senta em frente ao celular, ativa um avatar ao redor do corpo e passa a receber orientações para manipular o estetoscópio. Marcações aferem a qualidade dos sons e são enviadas a um especialista”, complementa. “Muito além de tecnologia, o que estamos fazendo é empoderar o paciente”, admite Bahagon.

Prescrições com zero de papel

Farmácias estão diretamente envolvidas nesse ecossistema, especialmente por meio de programas como o de prescrição digital. “Quando o cliente busca adquirir um medicamento por canais eletrônicos do varejo, o pedido é remetido a um médico, que assina a prescrição com tecnologia biométrica. A notificação ao paciente e a confirmação de compra não exigem nenhum papel”, reitera. Mas graças a recursos de machine learning, portadores de doenças crônicas que tentam repor uma receita sem consulta há mais de seis meses são impedidos de obter o remédio. Em média, Israel registra mais de 15,4 mil prescrições digitais por mês.

Engajamento de outros setores

Mais uma receita para os bons resultados da saúde israelense está na sinergia com outros setores da economia. Um exemplo é a Mobileye, subsidiária da Intel que adaptou sua tecnologia de prevenção em acidentes de carros autônomos para orientar a jornada de consumo de pessoas com deficiência visual. “Em uma ida à farmácia, o programa rastreia os produtos que estão nas proximidades do cliente e os traduz em voz”, comenta. Uma solução antiterrorismo empregada pela Força Aérea Israelense, por sua vez, hoje atua na identificação de células cancerígenas.

“Vivemos uma autêntica era de saúde proativa e participativa, em que cada ator tem o seu papel, assegurando mais eficiência para toda a cadeia”, conclui o especialista.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico

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