A revolução dos dados no setor de saúde

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A velocidade na adoção de tecnologia e no entendimento das possibilidades trazidas pelo conhecimento personalizado dos clientes fará toda a diferença para quem deseja ganhar espaço

por Israel Nacaxe
Administradores

Dois movimentos recentes revelam tendências do mercado global de saúde. Tanto a aquisição da Aetna pela americana CVS por US$ 69 bilhões (transação que ainda enfrenta barreiras nas comissões antitruste) quanto a compra da Flatiron pela Roche mostram um caminho de convergência e criação de plataformas de saúde que, baseadas no entendimento dos hábitos e perfis dos consumidores, levam a um nível mais avançado de entendimento do público.

Quando uma varejista líder no mercado americano, como a CVS, propõe a aquisição de uma das maiores empresas de seguros de saúde do mundo, o que ela busca é alavancar-se na compreensão do comportamento de seus clientes a partir do consumo em suas lojas, para oferecer produtos e serviços em cada ponto de contato com o público cada vez mais relevante. Essa trajetória foi iniciada na década passada com o desenvolvimento de centros de serviços de saúde, complementando a oferta de produtos e, por meio da análise de dados, permitindo que a varejista desenvolvesse sortimento, precificação e logística de forma mais refinada.

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No caso da Roche, quando uma indústria farmacêutica avança para adquirir uma empresa de tecnologia especializada em dados utilizados para acelerar o combate ao câncer, o que ela busca é mais evidências reais de que os medicamentos que estão sendo desenvolvidos realmente funcionam. A análise de dados é uma ferramenta mais completa do que os tradicionais testes clínicos, longos e complexos, e reduz o custo final de desenvolvimento de medicamentos, levando ao lançamento de produtos mais acessíveis ao público.

O crescimento do uso de registros médicos digitais, a integração com bancos de dados de empresas de seguros, a adoção de wearables para atividades físicas e até mesmo o uso de mídias sociais pelos pacientes geram uma quantidade imensa de dados que facilitam o entendimento da experiência real de pacientes. 

Esse conceito vai muito além do tratamento do câncer e muito além do setor de saúde. A integração de bases de dados que até então estavam isoladas, aliada à capacidade de analisá-las em tempo real, tem o potencial de transformar qualquer setor que lide com grandes quantidades de clientes ou no qual a personalização seja um fator relevante. Difícil encontrar algum segmento de mercado que não se enquadre nessas características, não é mesmo?

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Certamente, o desenvolvimento das análises e do uso de dados reais para melhor entendimento dos hábitos, características e necessidades dos clientes irá crescer exponencialmente nos próximos anos. Paralelamente, aumentarão as discussões sobre a privacidade dos dados, que deverão caminhar lado a lado com a necessidade de manter o rigor científico na pesquisa de medicamentos. O uso correto das informações ganhará espaço na agenda corporativa e é muito provável que tenhamos, daqui a alguns anos, regras muito claras e específicas a respeito do compliance no uso de dados. 

Por enquanto, tudo é novo nesse setor. O público ainda está começando a entender como seus dados são capturados e a maioria das empresas não absorveu o mindset digital, em que tudo é mensurável e rastreável. A velocidade na adoção de tecnologia e no entendimento das possibilidades trazidas pelo conhecimento personalizado dos clientes fará toda a diferença para quem deseja ganhar espaço em mercados cada vez mais competitivos.

Israel Nacaxe — COO e co-fundador da Propz - empresa de tecnologia que oferece soluções de inteligência artificial e Big Data para o varejo físico e serviços financeiros. Entre seus principais clientes es estão Bradesco, Cencosud e Grupo RaiaDrogasil.


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