por Luana Pavani e Wagner Gomes
O Estado de S.Paulo
04/01/20 - A Natura & Co anunciou ontem a conclusão do negócio relativo à compra da Avon e também a incorporação da gigante dos cosméticos ao grupo. Além disso, a companhia anunciou um aumento de capital de mais de R$ 10 bilhões no negócio. Com a finalização do acordo, os antigos acionistas da Avon passarão a ter uma participação de 27,3% da Natura & Co.
O mercado reagiu de forma positiva ao anúncio. Em um dia em que o índice Ibovespa, principal indicador da Bolsa paulista, recuou 0,73% em virtude da tensão entre os EUA e o Irã, o papel da Natura subiu 6,97%, fechando cotado a R$ 41. A ação da empresa de cosméticos teve a maior alta do índice Ibovespa no pregão.
A companhia brasileira anunciou a compra da Avon em maio do ano passado, em um negócio que criou a quarta maior empresa de cosméticos do mundo por meio de uma transação com troca de ações. A aquisição só excluiu a Avon em dois mercados: Estados Unidos e Japão.
Com suas quatro marcas – Natura, Avon, The Body Shop e Aesop –, o novo grupo terá faturamento global superior a US$ 10 bilhões (R$ 40 bilhões). O acordo com a Natura avaliou a Avon em cerca de US$ 3,7 bilhões (R$ 15 bilhões).
Em 2012, a empresa havia recusado uma proposta de aquisição da rival Coty, que estava disposta a pagar US$ 11 bilhões (ou cerca de R$ 44 bilhões) pela companhia. Neste ínterim, a Avon passou por vários problemas de imagem e de posicionamento, o que prejudicou sua posição no mercado global de cosméticos.
Com a inclusão da Avon em seu portfólio, a Natura tenta crescer no segmento mais popular de cosméticos. A empresa já está presente em produtos de maior valor agregado, após a compra da britânica The Body Shop, há dois anos e meio, e no de luxo, da australiana Aesop (sua primeira grande aquisição, em 2013).
Novo comando
O anúncio também envolveu uma troca de comando. O presidente da Avon Products, Jan Zijderveld, deixou a fabricante norte-americana de cosméticos.
O lugar de Zijderveld será ocupado pelo presidente-executivo do conselho da Natura, Roberto Marques, informou a companhia. Marques está no conselho a Natura Cosméticos há quatro anos. Ele vive atualmente em Nova York.
Em entrevista ao Estado há cerca de 15 dias, Roberto Marques afirmou que a Avon terá de cumprir todos os requisitos de sustentabilidade da Natura – ele disse, porém, que a companhia terá um período para se adaptar às regras do grupo. O executivo citou que a decisão da Avon de eliminar testes em animais como um passo na direção certa.
A Natura recebeu aval de autoridades concorrenciais para a compra da Avon em 19 de dezembro.
Os negócios foram organizados em quatro unidades operacionais: Natura & Co.
América Latina, Avon (excluindo América Latina), The Body Shop e Aesop. A primeira unidade compreende Natura, Avon, The Body Shop na América Latina e Aesop no Brasil. O presidente do grupo será João Paulo Ferreira, antes CEO da Natura.
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