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Jornalista: Gabriel Martins

 

As 10 maiores altas em 2019 (em %)

Fonte: Corretoras e Bloomberg

Qualicorp

250,96

Via Varejo

158,56

JBS

128,34

Magazine Luiza

120,95

Cosan

118,74

Cyrela

111,68

Yduqs

108,19

WEG

105,51

Sabesp

102,26

Raia Drogasil

96,87

 

13/01/20 - A Bolsa de Valores brasileira, a B3, fechou 2019 com alta de 32%: saiu dos 87 mil pontos do início do ano para o patamar de 115 mil pontos. Analistas acreditam que, em 2020, o desempenho pode ser ainda melhor, puxado pelas ações das blue chips (ações seguras, de empresas líderes do setor) e de companhias ligadas ao consumo doméstico, com o Ibovespa, seu principal índice, atingindo os 140 mil pontos.

A expectativa de um crescimento da economia acima de 2% este ano, além da retomada do mercado de trabalho e uma possível revisão do rating do país pelas agências de classificação de risco reforçam uma perspectiva mais positiva para o mercado de ações.

— Acreditamos que a Bolsa alcance o patamar de 140 mil pontos este ano. Esse número vem em linha com as projeções de que as empresas do Ibovespa podem avançar ainda mais em seus segmentos — afirma Rafael Antunes, sócio da Inove Investimentos, com base em relatórios da XP.


Entre as ações que são vistas como potenciais impulsionadoras da Bolsa estão Petrobras, MRV, Lojas Renner,Natura e Yduqs.

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, destaca que a venda de ativos não estratégicos permitirá à Petrobras crescer de forma mais consistente neste ano, mesmo em meio à tensão entre Estados Unidos e Irã, em decorrência do assassinato do general Qassem Soleimani, no início deste mês.

— O ano passado foi importante para a Petrobras, especialmente em relação aos desinvestimentos feitos, além da desalavancagem (redução do endividamento). Essas medidas contribuem para melhorar o operacional da empresa — diz Arbetman, que projeta um preço-alvo de R$ 37 para as ações da estatal em 2020.

Petrobras: potencial


Sandra Peres, analista da Terra Investimentos, que também vê potencial na Petrobras, argumenta que as movimentações para blindar a companhia da volatilidade da cotação internacional do petróleo e da intervenção governamental são positivas:

— As medidas da estatal para blindar os preços em meio às tensões internacionais e evitar ingerência do governo são sinais positivos para o mercado — afirma a analista, que projeta preço-alvo de R$ 38 para o papel.

Em 2019, das cinco ações que mais se valorizaram, três delas estavam atreladas ao consumo interno:Qualicorp (do ramo de saúde, com alta de 250,9%), Via Varejo ( 158,5%) e Magazine Luiza (120,9%).

De acordo com analistas, setores como saúde, educação, varejo e construção devem ter um desempenho tão bom ou até superior ao de 2019.

— Juros na mínima histórica, projeção de inflação controlada e reformas econômicas contribuem para que o ambiente de negócios melhore e, consequentemente, os ganhos em Bolsa também — avalia Sandra.

Arbetman, da Ativa, acredita que as ações da Yduqs (antiga Estácio) têm potencial de ganho em 2020, tanto pelas aquisições quanto pela melhora da economia brasileira:

— A compra da Adtalem e a expansão dos cursos, principalmente no ambiente virtual, aumentam a presença da empresa no setor, que tende a se aquecer, uma vez que as pessoas voltam a ter renda e querem investir na própria educação — explica o analista, que estima preço-alvo de R$ 55 para as ações da Yduqs.

Em outubro, a Yduqs fechou a aquisição de 100% da Adtalem (dona de Ibmec e Damásio) por R$ 1,9 bilhão. Com a aquisição, a controladora da Estácio passou a ter cerca de 700 mil alunos.

Ainda na esteira de uma economia mais aquecida, empresas ligadas à infraestrutura também são bem- vistas pelos analistas para compor a carteira de ações para 2020. Presente na carteira da XP, por exemplo, a EcoRodovias tem preço-alvo de R$ 17.

— A EcoRodovias é uma empresa que tende a ganhar tração ao longo dos próximos meses — afirma Antunes, da Inove. — O setor todo de infraestrutura, que envolve desde a parte de construção de unidades habitacionais ao fornecimento de insumos, como aço, já teve boa valorização em 2019. A projeção é que essa tendência se repita este ano.

Cautela com exportadoras


As exportadoras, como Vale (minério de ferro) e Suzano (celulose) também aparecem entre os papéis que tendem a oferecer bons retornos. Os analistas, porém, ressaltam que algum choque de produção internacional ou um novo capítulo na guerra comercial entre China e EUA pode afetar, pontualmente ou de forma persistente, essas ações.

— Vale e Suzano são bem- vistas e têm espaço nas carteiras em 2020. A demanda externa por minério e celulose, principalmente da Ásia, continua forte. Mas vale lembrar que, se o acordo comercial (com a China) não for assinado ou se a tensão entre EUA e Irã produzir algum choque global, o cenário de ganhos pode ser invertido — diz Sandra, que estima um preço-alvo de R$ 57 para a Vale e de R$ 46 para a Suzano.

Arbetman, da Ativa, também destaca que um possível retrocesso nas negociações entre China e EUA pode afetar o mercado, além da saída do Reino Unido da União Europeia, prevista para o próximo dia 31:

— Pequim e Washington confirmaram a “fase um” do acordo, mas isso ainda é só o primeiro passo. E vamos passar pelo Brexit, que pode gerar movimentações negativas, mesmo que pontuais.

 

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