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O Estado de S.Paulo

 

01/03/20 - O médico gaúcho André Kalil lidera um ensaio clínico na Universidade de Nebraska (EUA), para testar o remédio que é considerado o mais promissor contra o Covid-19. O infectologista de 53 anos afirmou ao Estado que a droga remdesivir foi apontada pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) americanos como a de maior potencial em relação a outros medicamentos.


Como são feitos os testes em busca de um remédio?

André Kalil - O estudo envolve 400 pacientes. Duzentos vão receber o remédio chamado remdesivir e outros 200 vão receber placebo. Estamos ainda no início, mas a ideia é envolver 50 centros hospitalares, dentro e fora dos Estados Unidos. O estudo será conduzido de maneira rápida. A ideia é tentar achar a melhor terapia, o mais rapidamente possível. Começamos com o remdesivir, mas vamos ainda planejar outras medicações. Trata-se de um estudo adaptativo. Se o remdesivir mostrar eficácia logo, ele será transferido para o grupo de controle de pacientes e trazemos uma droga nova para o grupo de intervenção. Se não funcionar, a gente utiliza uma droga nova.

Ainda é cedo para falar em cura da doença?

André Kalil - Sim. Ainda é cedo para falar em cura. Gostaríamos de encontrar uma medicação que tivesse a propriedade de curar, mas o objetivo mais importante do ensaio clínico é que as pessoas resolvam os sintomas clínicos rapidamente. É importante que elas saiam dos hospitais rapidamente e possam sobreviver à infecção. É um objetivo clínico que as pessoas melhorem e possam voltar às atividades normais. A questão de cura é relativa. Ela vai depender da medicação e da resposta de cada indivíduo.


Existem prazos definidos para esse estudo?

André Kalil - Não temos um prazo definido. O estudo foi planejado para três anos. A ideia é encontrar o mais rapidamente possível as drogas que funcionam e as drogas que não funcionam.


O índice de letalidade do vírus preocupa?

André Kalil - O índice de letalidade hoje é de 2,5% a 3%. Certamente, o índice é mais baixo do que a Sars, que era de 10%. Dos coronavírus, o atual é o que apresenta menor índice de letalidade. Por outro lado, temos de nos preocupar. Nos Estados Unidos, o índice de letalidade do influenza, nossa gripe forte, é em torno de 0,2% e 0,3%. Já tivemos entre 15 mil e 16 mil mortes só por influenza nesta estação. Aparentemente, o número parece baixo (2% a 3%), mas significa um número enorme de mortos. Temos de ver dos dois lados.


Como conciliar a urgência com o rigor científico?

André Kalil - Em situações como o ebola e o H1N1, por exemplo, observamos oportunistas que querem oferecer terapias que não funcionam e podem causar até mortes. A ciência é a única maneira de descobrir o que funciona e o que não funciona. É muito importante fazer a ciência correta em um momento assim. /G.J.

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