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Um dos principais hospitais do país, Sírio-Libânes prevê investimentos em tecnologia de R$ 200 milhões até 2030

 

Por Wesley Santana | Infomoney

 

A AWS, divisão de computação em nuvem da Amazon, se juntou com o Hospital Sírio-Libanês para formar a primeira base de dados focada em saúde do Brasil. Denominado HealthLake, o sistema tem sido montado para armazenar informações dos pacientes com o objetivo de digitalizar e otimizar os atendimentos, além de gerar soluções de saúde populacional.

A parceria é viabilizada pelo hub de inovação Alma Sírio-Libanês, uma vertical criada pela casa de saúde paulista para internalizar o uso de tecnologias. Sob responsabilidade de Diego Aristides, superintendente de produtos digitais e inovação, a ideia é que o HealthLake concentre todos os dados que transitam dentro do hospital, sejam eles oriundos de fontes internas (como o prontuário médico) ou externas (a exemplo do celular).

“A primeira coisa que o HealthLake potencializa é a pesquisa científica, pois os nossos pesquisadores passam a ter dados padronizados, facilitando e acelerando os achados. O segundo ponto é o suporte à decisão clínica, já que os nossos times de saúde, apoiados pela inteligência artificial, vão acelerar o cuidado com os pacientes, garantindo que o tempo deles seja gasto no cuidado, e não na tela do computador”, explica Aristides.

A aposta do hospital se fundamenta no Open Health, um protocolo aberto de informações muito parecido ao modelo que vigora no setor financeiro, o Open Finance. Com ele, caso autorizados e sem individualização, os dados dos pacientes serão compartilhados entre instituições para um tratamento mais específico e o aprimoramento do sistema de saúde em geral.

“A tecnologia permite que o hospital Sírio-Libanês utilize seus dados para melhorar os resultados dos pacientes e a eficiência operacional. Com o Amazon HealthLake, será possível avançar na medicina de precisão, acelerar a tomada de decisões e oferecer uma abordagem mais personalizada de atendimento por meio de dados, inteligência artificial e machine learning”, diz Paulo Cunha, diretor geral para o setor público na AWS.

Por isso, o banco de dados tem sido montado com suporte para o protocolo Fire, o padrão universal de comunicação, escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a operacionalização do Open Health. Embora essa troca de informação ainda não se dê com outros centros de saúde, ela já acontece com empresas parceiras, como as startups aceleradas pela Alma.

“Estaremos prontos para fazer a troca de dados entre instituições. Então, se o paciente quiser enviar informações captadas pelo seu relógio para o Sírio-Libanês, com o aceite de consentimento, ele vai poder. O mesmo vale caso ele queira mandar os dados daqui para outro hospital. Esse projeto é uma base estratégica para o que queremos alcançar”, define Diego.

 

Investimentos de R$ 200 milhões conta com ambulância 5G

Por meio do hub Alma, o Sírio-Libanês planeja investir R$ 200 milhões ainda nesta década só em tecnologia centrada nos profissionais de saúde e pacientes. Parte deste recurso foi destinado para um projeto de ambulância 5G, um veículo de saúde conectado digitalmente, pensado de forma conjunta com a consultoria Deloitte e a operadora Tim (TIMS3).

Este veículo se difere dos demais do mercado em razão do monitoramento e do compartilhamento de informações de saúde em tempo real. Desta forma, quando um paciente chega ao hospital, a equipe de plantão já tem dados preliminares, o que facilita o atendimento do usuário e o tratamento do caso.

Inicialmente, ele está em teste na divisão de saúde cardiológica, sendo usado em casos de infarto e acidentes vasculares cerebrais. A ambulância 5G está equipada com o dispositivo de Oxigenação por Membrana Extracorpórea, conhecido como ECMO, que funciona como um coração artificial instalado fora do corpo.

“Essa tecnologia permite que o profissional que está dentro da ambulância cuidando do paciente consiga enviar todos os dados para o pronto atendimento e ainda fazer uma chamada de vídeo. Quando o doente chega ao hospital, os médicos têm as informações dos sinais vitais, do estado de saúde e, até, se ele está sofrendo um infarto. E isso tem um impacto muito grande no tratamento”, comenta Diego.

Em outra vertente, já no âmbito de saúde digital, o hospital também mantém uma equipe de tecnologia profunda, com autonomia, focada em soluções disruptivas. Esse grupo agora tem se desdobrado para construir uma plataforma que seja capaz de receber dados oriundos de relógios inteligentes de todas as marcas do mercado.

“Temos uma enfermeira de cardiologia e um médico cardiologista trabalhando com o time de inovação para que se alcance o impacto necessário. O objetivo é chegar no cenário em que se envia uma ambulância para a casa do paciente porque se monitorou o eletrônico, seja smartwatch ou um monitor de pressão, e viu os sinais de alerta. Como a nossa ambulância é conectada, todo o translado do paciente é acompanhado. Estamos falando de uma saúde totalmente conectada”, projeta.

“Hoje, nós temos empresas de saúde que usam tecnologia, mas, no futuro, serão empresas de tech que entregam serviços de saúde. Isso é histórico, se olharmos para outros setores, como bancos, varejo e agronegócio, é um movimento natural. A nossa missão é realmente impulsionar o Sírio-Libanês para que seja uma marca que vai continuar entregando o cuidado que sempre entregou nestes 100 anos de existência”, complementa.

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