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Presença de neurônios positivos para a enzima Tirosina hidroxilase (vermelho),

fator limitante da síntese do neurotransmissor dopamina na substância negra

compacta do cérebro de camundongos parkinsonianos, e as células da microglia

(verde) (Imagem: revista Glia)

Descoberta ocorreu durante experiência em que a ração dada às cobaias foi trocada por engano pelo composto com o princípio ativo

Uma pesquisa realizada com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e participação de três cientistas brasileiros vinculados à Universidade de São Paulo (USP) sugere que o medicamento antibiótico doxiciclina – usado há mais de meio século contra infecções bacterianas – pode ser indicado em doses mais baixas para o tratamento da doença de Parkinson. O estudo foi publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature.

Segundo os autores, a substância reduz a toxicidade de uma proteína conhecida como α-sinucleína, que em certas condições forma agregados que recobrem e lesam as células do sistema nervoso central.

A morte dos neurônios dopaminérgicos (produtores do neurotransmissor dopamina) é o principal evento relacionado ao desenvolvimento de sintomas como tremores, lentidão de movimentos voluntários e rigidez, entre outros. Não há atualmente fármacos capazes de impedir que esse processo degenerativo progrida.

Para estudar possíveis alternativas terapêuticas contra o Parkinson em camundongos, o grupo recorreu, à época, a um modelo bastante consagrado para induzir nos animais uma condição semelhante à doença humana. O método consiste em administrar uma neurotoxina – a 6-idroxidopamina (6-OHDA) – que causa a morte dos neurônios dopaminérgicos.

O grupo repetiu o experimento e acrescentou um segundo grupo de animais que, em vez de receber a doxiciclina pela ração, foi tratado com injeções do antibiótico em doses baixas no peritônio.

Mecanismo de ação

Entender os mecanismos por trás do efeito neuroprotetor da doxiciclina tem sido o foco dos estudos mais recentes, realizados em colaboração com o grupo liderado pela pesquisadora Rosana Chehin, da Universidade de Tucumán, na Argentina, além de Rita Raisman-Vozari e Julia Sepulveda-Diaz, pesquisadoras do Instituto do Cérebro e da Medula Espinhal sediado em Paris, na França.

A colaboração com Chehin tem apoio da Fapesp por meio de um acordo com o Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas de la República Argentina (Conicet), no âmbito do Programa SPRINT – São Paulo Researchers in International Collaboration.

Nestes novos ensaios, que envolveram métodos de caraterização estrutural e espectroscópicos, o foco foi a proteína α-sinucleína – considerada uma das principais causadoras da morte dos neurônios dopaminérgicos.

Segundo a pesquisadora, evidências da literatura científica indicam que os agregados de α-sinucleína podem recobrir e lesar não apenas os neurônios, como também astrócitos e as demais células da glia.

Além de Parkinson, portanto, esse processo está relacionado ao desenvolvimento de outras doenças neurodegenerativas, como a demência com corpos de Lewy (DCL) – o segundo tipo mais comum após o Alzheimer. Estudos futuros poderão investigar se a doxiciclina também pode ter efeito benéfico nessas outras situações.

Fonte: Portal do Governo do Estado de São Paulo

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