Dispositivo cardíaco Piccolo, usado para fechar buracos nos corações de bebês prematuros (Foto: Divulgação/Abbott)

O dispositivo é considerado um dos menores e mais complexos equipamentos já inventados e liberados para venda

POR ÉPOCA NEGÓCIOS ONLINE

Um dispositivo do tamanho de uma ervilha foi aprovado pelas entidades reguladoras dos Estados Unidos para tratar de cardiopatias em bebês prematuros. O aparelho é considerado um dos menores e mais complexos equipamentos já inventados e liberados para venda do mundo. O preço, no entanto, não foi divulgado.

O Amplatzer Piccolo Occluder, do laboratório Abbott, é um dos primeiros tratamentos disponíveis para uma doença congênita comum, mas que pode ser perigosa para crianças prematuras. O dispostivo, segundo reportagem da Bloomberg, pode ser usado em bebês que pesam menos de um quilo. Ele pode ser usado quando a cavidade do coração usada para receber o sangue rico em oxigênio no útero não fecha após o nascimento.

"O Piccolo é colocado no coração com um cateter que atravessa a veia femoral, na coxa. Isso evita uma cirurgia desgastante para pacientes pequenos, em que frequentemente é necessário o uso de ventiladores respiratórios", disse Evan Zahn, diretor do programa de cardiopatias congênitas do Instituto do Coração Cedars-Sinai Smidt, em Los Angeles (EUA).

"Nunca tivemos nada como isso, um dispositivo de uma grande farmacêutica que foi especificamente projetado para bebês minúsculos e muito frágeis", disse Zahn, líder do estudo que levou à criação do dispositivo.


Apesar da inovação, a Abbot não espera que o Piccolo seja um de seus principais impulsionadores de vendas. Mesmo assim, ele representa um avanço tecnológico significativo. Atualmente, a indústria farmacêutica trabalha para tornar seus produtos cada vez menores e mais fáceis de se colocar no corpo sem a necessidade de cirurgias.

A cardiopatia acontece em alguns bebês prematuros. Enquanto estão no útero, todos os fetos têm, no coração, um desvio que impede que o sangue, recebido já oxigenado pelo pulmão da mãe, passe pelos pulmões em formação do feto. Quando nascem, o desvio normalmente se fecha alguns dias após o parto.

Em alguns recém-nascidos prematuros, no entanto, isso nunca acontece, tornando a respiração difícil e levando a uma série de possíveis complicações, como atrasos no desenvolvimento e danos ao cérebro e intestinos porque eles não estão recebendo o sangue que precisam.

Durante anos, os médicos realizaram uma cirurgia com o coração aberto para fechar o buraco — um procedimento que hoje é considerado mais prejudicial do que benéfico para pacientes prematuros, disse Zahn.


Outros tratamentos incluem medicamentos para aliviar os sintomas e estimular o fechamento da cavidade. "Sabemos que a cavidade está lá e sabemos que é ruim, mas temos que dar um jeito e esperar que as crianças melhorem", disse Zahn à reportagem, sobre a prática médica existente.

Anualmente, cerca de 60 mil bebês nascem prematuramente nos EUA — 12 mil deles com buracos grandes o bastante no coração que chegam a ter sintomas.

Centenas de pacientes receberam o dispositivo na fase de testes para a aprovação da tecnologia. Irie Felkner nasceu 13 semanas antes do previsto com a má formação. Seu irmão gêmeo Judah, que nasceu primeiro e pesava mais, não teve o mesmo problema. Os médicos e pais de Irie esperaram várias semanas na esperança de que o buraco se fechasse por conta própria, e tentaram sem sucesso nove vezes tirá-la de um ventilador respiratório. Exames de imagem mostraram que o buraco estava ficando maior. Com seis semanas e pesando pouco menos de dois quilos, Irie recebeu o Piccolo. Três dias depois, ela estava respirando sozinha.

A pequena Irie fez parte de um estudo conduzido em oito centros nos Estados Unidos para a aprovação do dispositivo pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.


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