por Robson Braga de Andrade*
Correio Braziliense
25/09/19 - Oferecer plano de saúde aos trabalhadores e seus dependentes traz benefícios às empresas: entre outros, atrai e retém talentos, e contribui para a boa imagem e a reputação corporativa. Não à toa que quase 70% dos brasileiros que estão no sistema de saúde suplementar integram planos coletivos empresariais. Devido ao peso significativo das companhias no financiamento desse serviço, é fundamental que elas sejam ouvidas e possam propor medidas que favoreçam sua sustentabilidade e a melhora de sua qualidade. Não são poucos os desafios, pois o sistema está longe do ideal.
A falta de uma gestão integrada, com base em informações transparentes e padronizadas, e com foco nos resultados, gera desperdícios, realização de procedimentos desnecessários e insatisfação dos usuários. Além disso, os gastos com planos de saúde representam, em média, 13,1% da folha de pagamento, sendo a segunda maior despesa das empresas. A média anual de reajuste do benefício é de 10%, bem acima do índice de inflação.
O setor empresarial faz a sua parte para garantir a sustentabilidade dos planos. Há dois anos, o Serviço Social da Indústria (SESI) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) criaram o Grupo de Trabalho em Saúde Suplementar, composto por empresas contratantes, com o objetivo de propor caminhos para a manutenção do benefício, a melhora dos serviços e a racionalização dos custos. Hoje, essa iniciativa conta com 68 empresas, que representam quase 3 milhões de beneficiários.
Essa mobilização é inspirada em movimento dos Estados Unidos que levou à colaboração entre empregadores e o setor de saúde para aprimorar a prestação e diminuir os custos. No Brasil, essa cooperação vem permitindo a elaboração de propostas de políticas públicas e a troca de experiências entre os participantes para melhorar a gestão da saúde e negociar, de forma mais efetiva, com operadoras e prestadoras de serviços de saúde.
Entre as prioridades, estão a padronização e a qualidade das informações sobre o sistema para orientar as decisões sobre investimentos na promoção da saúde e na prevenção de doenças. A melhor gestão dos dados contribui para aperfeiçoar os cuidados de saúde por meio de jornadas do paciente estabelecidas de acordo com os padrões de tratamento das doenças mais frequentes. Além disso, a precisão facilita campanhas que orientem usuários no uso mais racional do sistema ao identificar fontes de desperdício, por exemplo.
O setor empresarial também defende um modelo de contratação, uso e remuneração baseados em valor. Com isso, operadoras e prestadores de serviços de saúde seriam estimulados por padrões de desempenho que exerçam melhor impacto sobre a saúde dos usuários.
A frente do Grupo de Trabalho em Saúde Suplementar que mais avança é a referente à reestruturação do sistema, com os prestadores do serviço passando a dar ênfase a um modelo assistencial integrado, com foco em atenção primária e promoção da saúde. Por meio desse esforço articulado com os demais elos da cadeia, as empresas conseguem fazer mais e melhor em favor da saúde dos trabalhadores e dependentes. A indústria, que já viabiliza ações significativas em promoção da saúde, passa a formar parcerias com o setor para potencializar a prevenção de doenças.
O mais importante investimento das empresas é na saúde e no bem-estar dos trabalhadores e de seus familiares. Nesses tempos em que o acesso à saúde privada sofre a ameaça dos custos elevados, o modelo de mercado colaborativo amplo, com participação decisiva dos contratantes e usuários do sistema, surge como oportunidade para que se alcancem melhores resultados nesse setor imprescindível para o aumento da produtividade da economia e para a melhora da qualidade de vida dos brasileiros. Isso é o que todos nós queremos.
(*) Robson Braga de Andrade é empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
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