Avanço é maior em atacarejo e eletroeletrônicos

Valor Econômico

Jornalista: Cibelle Bouças

06/11/19 - No terceiro trimestre, algumas categorias do varejo apresentaram desempenho acima da média. Entre elas estão as lojas especializadas em eletroeletrônicos, redes de farmácias e os atacarejos.

 

“As empresas de varejo eletrônico são o grande destaque do ano, com resultados positivos e tendência de aquecimento. Magazine Luiza é um caso à parte, sempre com crescimentos muito fortes. Mas outras empresas da categoria também aceleraram vendas, como a B2W”, afirma Pedro Fagundes, analista da XP Investimentos.

 

No terceiro trimestre, o Magazine Luiza registrou crescimento de 50% na venda bruta de mercadorias pela internet, incluindo impostos (GMV, na sigla em inglês), em comparação com o mesmo intervalo de 2018. No Mercado Livre, esse indicador avançou 18% e na B2W, cresceu 15%.

 

Alberto Serrentino, sócio da consultoria Varese Retail, observa que o varejo de eletroeletrônicos foi o que mais sofreu na crise, com fechamentos de lojas e de redes menores. A Máquina de Vendas, dona da rede Ricardo Eletro, passou a ter metade do tamanho que tinha antes da recessão. “Agora esse segmento mostra resultados positivos. O Magazine Luiza teve resultados muito fortes e a Via Varejo provavelmente vai apresentar melhora”, avalia o consultor.

 

Serrentino diz que o crescimento acelerado da categoria é resultado de investimentos em inovação e fortalecimento das operações on-line, com expansão dos “marketplaces” (shoppings virtuais). “As empresas investiram fortemente em transformação digital e já mostram resultados, com um crescimento brutal do GMV”, afirma.

 

Levantamento feito pela Compre&Confie, empresa de pesquisa de mercado com foco em comércio eletrônico, mostra que as vendas on-line no terceiro trimestre somaram R$ 18 bilhões, com alta de 23% em relação ao mesmo período do ano passado. Ao todo, foram realizados 45 milhões de pedidos via internet, 25% mais que um ano antes. O Compre&Confie monitora vendas reais de mais de 80% do varejo digital brasileiro.

 

Outra categoria do varejo com desempenho favorável no terceiro trimestre são as farmácias. “As redes de farmácias se saíram bem durante a crise e continuam em expansão, independentemente do cenário macroeconômico”, observa Serrentino. Raia Drogasil reportou alta de 22,5% na receita do terceiro trimestre, para R$ 4,6 bilhões. As vendas nas lojas abertas há mais de 12 meses cresceram 7,7%, uma aceleração ante alta de 4% no segundo trimestre do ano.

 

Segundo uma pesquisa de intenção de compras feita pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), os segmentos que devem crescer mais no quarto trimestre são o automotivo e de artigos farmacêuticos e de perfumaria. Para a categoria de hipermercados, alimentos, bebidas e fumo, o Ibevar projeta alta de apenas 0,66%. “Alimentos e bebidas são segmentos muito estáveis, não variaram muito na crise e nem agora”, diz Nuno Fouto, diretor do Ibevar.

 

A exceção no varejo alimentar são os atacarejos, que crescem de forma mais acelerada que a categoria como um todo.

 

O GPA, por exemplo, registrou alta de 10,3% na receita líquida no terceiro trimestre, para R$ 13,5 bilhões, impulsionada pelo desempenho de sua rede de atacarejo Assaí, que aumentou 18,9% sua receita bruta, para R$ 7,59 bilhões, e teve expansão de 19 lojas em 12 meses. Nos supermercados e hipermercados do grupo, das marcas Pão de Açúcar e Extra, a receita cresceu 0,8%, para R$ 7 bilhões.

 

Em bebidas, também houve melhora. O consumo de cerveja cresceu um dígito baixo no terceiro trimestre, de acordo com a Nielsen. Em não alcoólicos, houve avanço de um dígito médio. “Para não alcoólicos, os resultados dos engarrafadores [Femsa e Andina] e Ambev parecem sugerir uma melhora mais forte, com consumidores fazendo substituição de suco em pó por refrigerantes e os principais concorrentes conseguindo aumentar preço e volume”, afirma Leandro Fontanesi, analista do Bradesco BBI.

 

Em cerveja, observa ele, cresceu o consumo de marcas premium, enquanto as de preços mais baixos tiveram retração.

 

A Ambev registrou aumento de 2,9% em receita no Brasil, para R$ 6,34 bilhões. As vendas de cerveja caíram 2,8% em volume e as vendas de não alcoólicos cresceram 6,5%. O lucro caiu 3,98%, para R$ 4,41 bilhões, com resultado pressionado por perdas com variação cambial e custos mais altos de commodities, especialmente da cevada. A Ambev e a Heineken reportaram no terceiro trimestre crescimentos de dois dígitos nas vendas de marcas de cervejas especiais.

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