Marina Demartini, de EXAME.com
São Paulo – Pesquisadores da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, descobriram que bactérias intestinais podem proteger o cérebro de danos causados por AVCs. O estudo, que foi publicado na revista Nature, pode ajudar a ciência a entender melhor o derrame cerebral, que é a segunda principal causa de morte no mundo.
“Nossa experiência mostra uma nova relação entre o cérebro e o intestino”, disse Josef Anrather, um dos autores da pesquisa, em um comunicado da Universidade Cornell. “[O estudo] irá impactar a maneira como a comunidade médica encara e define o risco do acidente vascular cerebral”, explica.
Os resultados da pesquisa foram encontrados após os cientistas induzirem um derrame isquêmico – quando um vaso sanguíneo obstruído impede o sangue de chegar ao cérebro – em dois grupos de ratos. O primeiro, que foi tratado com antibióticos, teve danos 60% menores do que o segundo grupo, que não recebeu a medicação.
Segundo os cientistas, o ambiente microbiano do intestino influenciou as células do sistema imunológico a seguirem para a meninge, o revestimento externo do cérebro, onde elas se organizaram para diminuir o impacto do AVC. Desse modo, o derrame não atingiu os ratos com força total.
"Uma das descobertas mais surpreendentes foi a de que o sistema imunológico fez os derrames menores ao orquestrar a resposta de fora do cérebro, como um maestro que não desempenha um próprio instrumento, mas instrui os outros, criando a própria música", disse Costantino Iadecola, um dos autores do estudo.
A fase de testes clínicos em seres humanos ainda não tem data para começar. Se essa relação entre bactérias e o cérebro das pessoas se mostrar verdadeira, esse estudo poderá ajudar na criação de tratamentos direcionados para proteger pacientes com alto risco de sofrer um AVC ou aumentar a defesa dos indivíduos contra danos cerebrais a partir de novas dietas.
“Dietas são mais fáceis de seguir do que o uso de drogas”, disse Anrather. “A dieta tem o maior efeito na composição do ambiente microbiano e uma vez que espécies benéficas são identificadas, nós poderemos abordá-las com uma intervenção dietética”, finaliza.
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