Bayer investe US$ 1,3 bi em startup para ampliar portfólio contra o câncer |Farmacêutica alemã aposta em nova geração de medicamentos em meio á concorrência de genéricos e produtos mais baratos(Geert Vanden Wijngaert)
Bloomberg — Em um movimento estratégico para revitalizar sua divisão farmacêutica e enfrentar a crescente concorrência no setor, a Bayer anunciou um investimento de até US$ 1,3 bilhão na startup americana Kumquat Biosciences, especializada em terapias inovadoras contra o câncer. A iniciativa marca um novo capítulo na trajetória da farmacêutica alemã, que busca ampliar seu portfólio oncológico e superar os desafios financeiros herdados da controversa aquisição da Monsanto.
O investimento será direcionado ao desenvolvimento de um medicamento em estágio inicial voltado para o tratamento de diversos tipos de câncer associados a mutações no gene KRAS — presente em cerca de 25% dos casos de câncer, incluindo os de pâncreas, pulmão e cólon. Segundo a Bayer, essa mutação ainda carece de terapias eficazes, o que representa uma oportunidade significativa de inovação e impacto clínico.
A Kumquat, sediada em San Diego, será responsável pelos estudos clínicos iniciais e mantém uma opção exclusiva para negociar um acordo de compartilhamento de lucros e perdas nos Estados Unidos. O modelo de parceria inclui pagamento inicial, marcos de desenvolvimento e royalties escalonados sobre as vendas líquidas futuras.
Superando perdas e reabastecendo o pipeline
A Bayer tem recorrido a transações de pequeno e médio porte para fortalecer seu pipeline, especialmente diante da pressão competitiva sobre seus medicamentos mais vendidos — o anticoagulante Xarelto e o oftalmológico Eylea — que enfrentam concorrência de genéricos e biossimilares.
Desde a aquisição da Monsanto em 2018 por US$ 63 bilhões, a empresa viu suas ações perderem mais da metade do valor, impactadas por litígios em massa nos EUA relacionados a produtos agrícolas. Em 2025, no entanto, a Bayer conseguiu recuperar parte dessas perdas, com alta de 33% nas ações até o momento.
Terapias genéticas e novos horizontes
Sob a liderança do CEO Bill Anderson, a Bayer tem intensificado seus investimentos em terapias celulares e genéticas, além de apostar no crescimento de medicamentos como Kerendia (para doenças renais) e Nubeqa (contra o câncer de próstata). A meta é evitar que a receita da divisão farmacêutica entre em declínio na segunda metade da década.
Apesar do alto endividamento que limita sua capacidade de investimento frente a concorrentes mais capitalizados, a Bayer segue firme em sua estratégia de inovação, buscando parcerias com startups e centros de pesquisa para acelerar o desenvolvimento de soluções terapêuticas de ponta.
O que esperar do futuro?
O acordo com a Kumquat Biosciences representa mais do que uma aposta financeira — é um sinal claro de que a Bayer está disposta a reinventar sua atuação no setor farmacêutico, mirando áreas de alta complexidade e grande potencial de impacto médico. Se bem-sucedido, o novo medicamento poderá se tornar um marco no tratamento de cânceres agressivos e de difícil manejo, consolidando a Bayer como uma protagonista na corrida pela próxima geração de terapias oncológicas.
Fonte: Bloomberg
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