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A gigante da biotecnologia Biogen despencou após anunciar que seu medicamento experimental contra o Alzheimer provavelmente não será efetivo e que interromperá a pesquisa, em mais um revés da iniciativa da empresa farmacêutica para encontrar uma terapia para a doença neurodegenerativa.

As ações chegaram a cair 29 por cento, eliminando cerca de US$ 18 bilhões do valor de mercado da empresa, na maior queda intradiária dos papéis desde 2008.

A empresa com sede em Cambridge, Massachusetts, nos EUA, e sua parceira Eisai anunciaram nesta quinta-feira que descontinuariam dois testes de fase final programados para avaliar a eficácia e a segurança do medicamento, o aducanumab. Os resultados mostraram que a droga provavelmente não ajudaria os pacientes, disseram as empresas em um comunicado. Os testes não revelaram sérios problemas de segurança.

“Essa notícia desanimadora confirma a complexidade do tratamento do mal de Alzheimer e a necessidade de avanço dos conhecimentos em neurociência”, disse o CEO da Biogen, Michel Vounatsos.

A Biogen ainda está estudando outros componentes em fase inicial e continua trabalhando com a Eisai em outros dois medicamentos, disse David Caouette, porta-voz da Biogen. Caouette preferiu não informar se o fracasso afetaria a decisão sobre a continuidade dos planos para outros dois medicamentos contra o Alzheimer, conhecidos como BAN2401 e elenbecestat.

A Eisai preferiu não comentar imediatamente.

O ocorrido levantará dúvidas a respeito do futuro da Biogen. A empresa faz parte de um pequeno grupo de grandes firmas de biotecnologia cujo valor de mercado depende fortemente de que seus medicamentos experimentais consigam atingir o mercado — e de que vendam bem ao chegarem às farmácias. Mas a magnitude do revés sofrido pela Biogen nesta quinta-feira pode deixá-la vulnerável a uma pretendente maior ou obrigá-la a ir às compras atrás de um ativo grande o suficiente para preencher novamente sua linha de desenvolvimento com algo de potencial semelhante.

O ocorrido é um “fracasso transformador para a linha de desenvolvimento da Biogen”, disse Brian Abrahams, analista da RBC Capital Markets, que mantinha classificação equivalente a manutenção para a ação.

As tentativas caras e ambiciosas das farmacêuticas para encontrar um tratamento eficaz para o mal de Alzheimer falharam várias vezes. Medicamentos que pareciam promissores nos testes iniciais foram insuficientes nos testes em grupos maiores, frustrando os executivos farmacêuticos, os médicos e os pacientes. No ano passado, a Pfizer Inc. abandonou totalmente suas tentativas de descobrir terapias contra o mal de Alzheimer e também encerrou suas pesquisas sobre a doença de Parkinson. A empresa cortou cerca de 300 empregos.

Nos últimos três anos, a Biogen investiu US$ 743 milhões na pesquisa e desenvolvimento do aducanumabe e US$ 93 milhões adicionais em vendas e marketing do medicamento, de acordo com uma declaração da Securities and Exchange Commission.

A Biogen e a Eisai vinham trabalhando em dois medicamentos contra o Alzheimer, realizando grandes testes em paralelo para descobrir qual poderia produzir resultados suficientemente promissores para tentar conseguir aprovação. A Biogen vinha desenvolvendo o aducanumab praticamente sozinha até 2017, quando fechou acordo para trabalhar junto com a Eisai.

Fonte: BOL

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