Por Stella Fontes
Valor Economico
O grupo farmacêutico Biotoscana, controlado pela gestora de private equity Advent International, está avaliando 15 potenciais alvos de aquisição na América Latina, além de 45 projetos de pesquisa que estão em andamento na região e nos quais poderá investir. De acordo com o principal executivo da companhia, Mariano García-Valiño, há ativos de interesse no Brasil, mas ainda não há conversas estabelecidas.
García-Valiño, principal executivo, disse que há
opções interessantes no Brasil, mas nenhuma
conversa já estabelecida
A compra de fabricantes de medicamentos de alta complexidade está na raiz do grupo, constituído pela gestora americana em 2011 para consolidar operações no setor. O mais recente investimento foi anunciado no fim do ano passado, quando a Biotoscana assumiu a totalidade do capital do laboratório argentino LKM, no qual já detinha participação.
Conforme García-Valiño, a estratégia da Biotoscana é montar um portfólio de medicamentos de alta complexidade, que representam o "futuro da medicina". "A América Latina ainda tem foco em produtos mais simples, então vamos montar uma plataforma para tirar vantagem disso." A escolha da região também levou em conta o ritmo de crescimento do mercado de medicamentos, de 9% a 10% por ano, frente a 2% ou 3% do mercado global.
Para colocar em marcha seu plano, o grupo combinou fabricação própria e acordos de distribuição de medicamentos complexos. Com três fábricas, tem faturamento anual de aproximadamente R$ 1 bilhão e o Brasil, onde não tem unidades fabris, contribui com 40% dessas receitas.
Segundo García-Valiño, o grupo tem recursos disponíveis para novas operações - além da Advent, a empresa tem como acionista a Essex Woodlands, que administra US$ 2,5 bilhões em ativos. Ao mesmo tempo, a farmacêuticas é apontada por agentes do mercado financeiro como potencial candidata a uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).
No início de setembro, a Biotoscana ampliou seu portfólio por meio de um acordo de fornecimento, distribuição e licenciamento com a biofarmacêutica suíça Basilea Pharmaceutica. A parceria, que vale para todos os países da América Latina, incluindo México, contempla o antifúngico Cresemba (isavuconazole) e o antibiótico Zevtera (ceftobiprole), que podem chegar ao país em dois anos.
Menos de dois meses antes, o grupo havia anunciado a assinatura de um acordo na área oncológica com o segundo maior laboratório farmacêutico privado da França, Pierre Fabre Pharmaceuticals. Com o acerto, o grupo passa a comercializar os medicamentos Navelbine (vinorelbine), Javlor (vinflunine) e busilvex (Busulfan) na Colômbia, Chile, Equador e Peru.
Até o fim do ano, de acordo com García-Valiño, duas novas parcerias devem ser anunciadas. Em toda a América Latina, o portfólio da farmacêutica conta com 200 produtos. No Brasil, são sete medicamentos registrados.
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