Jornalista: Ana Paula Machado
Valor economico
20/04/20 - A Blau Farmacêutica vai investir R$ 500 milhões em uma nova fábrica no Brasil para medicamentos para o mercado hospitalar. A empresa emitiu debêntures no valor de R$ 250 milhões que serão usadas neste projeto. O presidente da companhia, Marcelo Hahn, disse que o restante dos recursos será oriundo da geração de caixa nos próximos anos.
“Esse é um investimento que começará a operar em 3,5 anos. Ainda não definimos onde será instalada essa nova unidade. Já recebemos propostas de cidades do Nordeste. Todas as definições devem ser tomadas até o fim deste mês”, disse ao Valor o executivo.
Atualmente, a Blau tem capacidade de produção de 60 milhões de fracos por ano na área de especialidades. Hahn afirmou, ainda, que além da nova fábrica a companhia assinou a intenção de compra, em fevereiro, da Pharma Límirio que aumentará a capacidade de produção em diferentes classes de antibióticos da unidade de negócios especialidades.
“Essa unidade tem capacidade para produzir 50 milhões de frascos por ano, quando todas as etapas do processo estiverem concluídas. Hoje, estamos fazendo a “due diligence” e esperamos concluir a aquisição em breve. Estamos dentro do cronograma”, afirmou o executivo.
No ano passado, a companhia investiu R$ 80 milhões no aumento da capacidade.
Somente no primeiro trimestre de 2020, segundo o executivo, a Blau aplicou R$ 30 milhões. “Não podemos estimar quanto será investido em aumento da capacidade este ano com a pandemia em curso. Mas, posso garantir que será mais que o ano passado. Esses aportes sustentam o nosso crescimento no país”, ressaltou Hahn.
No primeiro trimestre, a receita da farmacêutica foi de R$ 219 milhões, valor 16,3% acima do mesmo período do ano anterior. A geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) no período foi de R$ 70 milhões, 49,1% acima que o primeiro trimestre de 2019.
“Do nosso faturamento, 60% vem dos produtos biológicos, outros 30% da área de especialidades e 10% dos medicamentos oncológicos. O nosso grande mercado são as vendas para a área hospitalar, cerca de 90% do negócio”, disse o executivo.
Segundo Hahn, o primeiro trimestre, apesar de ter apresentado uma geração de caixa favorável, foi marcado também pelo aumento dos custos principalmente na compra de insumos e em frete, tanto internacional quanto nacional. “Manter a companhia funcionando tem sido um desafio muito grande. Tem se mostrado bastante resiliente nessa situação. Somente com a desvalorização cambial, perdemos R$ 23 milhões. No trimestre os custos passaram de R$ 1 milhão para R$ 5 milhões. O frete no Brasil subiu cerca de cinco vezes em média”, disse o executivo.
Hahn ressaltou que a Blau está com dificuldades logísticas no país, principalmente para o envio de medicamentos para clientes das regiões Norte e Nordeste. “Utilizávamos aviões para fazer essa distribuição, com o cancelamento da malha aérea, tivemos que utilizar caminhões. O problema é que, muitas vezes, a carga não completa um caminhão e temos que combinar carga com outra farmacêutica.”
Em fretes internacionais, o executivo afirmou que a Blau transferiu as cargas de princípios ativos do avião para o navio. Segundo ele, a farmacêutica trabalha com um estoque regulador para três meses.
“Estamos em situação confortável, mas com dificuldade de repor esse estoque.
Estamos atentos a toda a situação e bem preocupados com o futuro, com o andamento da economia e como isso poderá afetar o nosso negócio”, ressaltou.
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