Importante na luta contra as mudanças climáticas - e ao equilíbrio entre a quantidade de emissões de gases de efeito estufa liberada na atmosfera -, a unidade da Boehringer Ingelheim sediada em Paulínia obteve em julho a certificação de neutralidade de carbono. É a primeira instalação da companhia na América do Sul a conquistar esse feito e demonstra o compromisso da empresa em promover práticas sustentáveis em sua operação. "Desde 2021 a corporação estabeleceu metas ambiciosas, alinhadas com uma estratégia mais ampla de sustentabilidade, denominada 'Desenvolvimento Sustentável para Gerações'. A estratégia destaca o compromisso da empresa em contribuir positivamente para a saúde do planeta", comenta Adriano Cavalcanti, diretor de engenharia da farmacêutica.
O objetivo global é reduzir a pegada de carbono e adotar práticas mais amigas do ambiente até 2030, mas algumas metas estão sendo antecipadas pela fábrica de Paulínia, que já reduziu em mais de 65% as emissões de gases de efeito estufa, além de compensar as emissões restantes. Outra meta, relativa a resíduos, alcançou 100% do desafio proposto, dado que desde 2001 a unidade não faz nenhuma destinação para aterros sanitários. A empresa adotou também uma abordagem proativa para a energia renovável, operando com 100% de energia elétrica proveniente de fontes renováveis desde 2021. Essas ações têm, inclusive, envolvimento direto dos funcionários, que se engajaram apresentando suas ideias sustentáveis à operação.
A Boehringer Ingelheim - considerada uma das principais farmacêuticas do mundo - se instalou em Paulínia após a aquisição da planta da Merial em 2017, embora a fábrica em si exista desde a década de 1950. Esta unidade atende ao mercado de saúde animal (cães, ruminantes, equinos) e emprega perto de 1.100 pessoas, entre funcionários e terceirizados. Segundo informações do diretor de engenharia, "acerca de 70% da produção é dedicada à fabricação de um produto para cães e exporta aproximadamente 85% do volume produzido". Adriano Cavalcanti comenta que tem a expectativa de que as iniciativas adotadas inspirem novas ações sustentáveis. "Ao reforçar a proteção do meio ambiente para as atuais e futuras gerações, nossa empresa assume a liderança na busca pela inovação sustentável", destaca.
METAS AMBICIOSAS
Em 2021, a Boehringer Ingelheim estabeleceu metas ambiciosas alinhadas com uma estratégia mais ampla de sustentabilidade, denominada "Desenvolvimento Sustentável para Gerações". A estratégia envolve três pilares. Um deles inclui colaboradores, comunidades e parceiros e envolve questões como atuação ética, condições de ambiente e trabalho, práticas de diversidade, equidade e inclusão, além de ações de responsabilidade social. Outro pilar refere-se a questões de saúde, com apoio na capacitação de profissionais. O terceiro tem relação com ações voltadas para a saúde do planeta.
É neste terceiro aspecto, chamado de 'More Green' - para uma boa saúde do planeta - que se concentram as práticas sustentáveis que abrangem todas as áreas de atuação da empresa e suas matrizes ao redor do mundo. O diretor explica que a motivação pela busca de processos mais sustentáveis vem do propósito de um desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, garantindo a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. "É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Para isso, precisamos agir no agora visando à redução de consumo dos recursos naturais e do nosso impacto ambiental para que possamos garantir que continuaremos a impactar de forma positiva a vida dos nossos clientes e do nosso planeta", diz.
Nesse sentido, ele cita algumas das realizações da Boehringer Ingelheim até o momento. Além da redução em mais de 65% das emissões de gases de efeito estufa pela unidade em Paulínia, ele ressalta a prática de reúso da água. "Por meio da captação de água da chuva no telhado do restaurante da fábrica, esse recurso é direcionado para diversas finalidades, como o abastecimento dos vasos sanitários - no prédio administrativo e no próprio restaurante -, além de utilizar essa água para irrigar os jardins e limpar pisos, demonstrando o firme compromisso com a preservação dos recursos hídricos", comenta Cavalcanti. A unidade informa que no primeiro semestre de 2023 foram utilizados 143 m3 de água proveniente de chuva para estas finalidades.
Outro resultado celebrado internamente vem do projeto "Aterro Zero". Inicialmente foi realizado um treinamento de gerenciamento de resíduos com os trabalhadores, com ênfase na separação correta de resíduos, melhorando a segregação de recicláveis, orgânicos e rejeitos. Depois foram feitas melhorias no acondicionamento dos resíduos gerados, separando os orgânicos compostáveis (poda/jardinagem e restos de comida) dos resíduos não compostáveis (rejeito orgânico). Todos os orgânicos são destinados para a compostagem e os rejeitos, para recuperação energética. "Assim, nosso resíduo serve como matéria-prima para produção de energia e hoje nos orgulhamos de dizer que a planta de Paulínia da Boehringer Ingelheim é aterro zero", afirma o diretor de Engenharia.
A unidade em Paulínia tem ainda 24 painéis solares que alimentam toda a iluminação do restaurante e do prédio onde ficam as salas de reunião. Para as demais unidades e processo fabril, a fábrica possui o certificado de energia renovável I-REC (International Renewable Energy Certificate). Esse documento garante que a energia consumida pela fábrica foi produzida por uma usina de fonte renovável (eólica, solar e outras).
MENOS EMISSÕES
O programa de Redução das Emissões de Gases teve início em 2020 com a proposta de reduções na média de 5% ao ano. Os 65% se referem somente a Paulínia, quando comparado com a emissão do ano de 2018. Para alcançar esse resultado, conta Adriano, as empilhadeiras movidas a combustão foram trocadas por modelos elétricos, e houve estímulo para que a frota passasse a ser abastecida com etanol, além da aquisição de energia elétrica 100% renovável e certificada. "Os 35% restantes se referem a emissões que não foram possíveis eliminar. Para o processo produtivo, precisamos de um sistema de climatização para garantir a qualidade do produto. Para estes processos, são utilizados gases refrigerantes que contribuem para controlar a emissão de gases de efeito estufa. Mas estamos em constante busca por inovações e soluções que possam contribuir para reduzirmos ainda mais as nossas emissões", declara o diretor.
A neutralidade de carbono é um conceito importante na luta contra as mudanças climáticas e se refere ao equilíbrio entre a quantidade de emissões de gases de efeito estufa liberadas na atmosfera e a quantidade de emissões removidas ou compensadas de forma a não causar um aumento desses gases. Isso é fundamental para mitigar o aquecimento global e reduzir os impactos negativos das atividades humanas no clima do planeta, salienta Adriano. Envolve a redução das emissões de carbono, a compensação das emissões restantes e a adoção de outras práticas sustentáveis. A direção da farmacêutica destaca a importância da parceria com a ClimateSeed, uma instituição que auxilia no aumento dos esforços ambientais e sociais das empresas, para compensar as emissões necessárias após a certificação.
Paulínia é a primeira planta da América do Sul que atinge essa meta. Em termos globais, as unidades fabris de Dortmund, Kathrinenhof (Alemanha), Gainesville (Georgia, USA), Sant Cugat (Espanha), eZhangjiang (China) já conquistaram a certificação de neutralidade de carbono.
Engajamento interno
Entre as práticas adotadas para ampliar o engajamento interno e fomentar uma cultura de sustentabilidade, a empresa lançou um concurso para incentivar funcionários a observarem o processo, desenvolverem ideias e apresentarem sugestões. Foram 34 sugestões recebidas e todas passaram por um comitê avaliador multidisciplinar, que pontuou os quesitos de sustentabilidade, aplicabilidade e complexidade. Venceu a indicação de reutilização de embalagens de vidro no processo da produção de um antiparasitário para cães.
A ideia vencedora e que será implementada é a troca da embalagem de um dos reagentes usados em análise dos produtos. Este reagente é entregue em embalagem de vidro e a ideia do projeto é que ele passe a ser fornecido em embalagens retornáveis de inox. "Quando utilizarmos todo o reagente, ao invés de descartar a embalagem, iremos retornar com ela vazia e solicitar uma cheia. Com a implementação do projeto, a expectativa é que deixaremos de descartar 2.460 frascos de vidro e aproximadamente 3,2 toneladas de resíduos por ano", relata Cavalcanti.
"Nossa visão vai além do presente, orientando-nos a tomar decisões com uma perspectiva de longo prazo e a construir um modelo de negócios que traga benefícios econômicos e sociais para todos os nossos públicos. Estamos comprometidos em criar um impacto positivo duradouro, promovendo assim um futuro sustentável para todos e transformando vidas por gerações", conclui.
Fonte Correio Popular
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