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Empresa, que tem origem norte-americana, instalou-se no município mineiro em 2019 | Crédito: Divulgação/Boston Scientific

 

Expansão da unidade permitirá que a empresa triplique sua produção de válvulas aórticas; a companhia está instalada em Contagem desde 2019

 

A Boston Scientific, uma das líderes globais no desenvolvimento de tecnologias médicas, está investindo R$ 95 milhões na ampliação de sua fábrica em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). As obras de expansão já foram iniciadas e devem ser finalizadas até o fim deste ano. A estimativa é que a nova estrutura comece a operar a partir de janeiro de 2024.

Com as intervenções, a unidade fabril ganhará mais sete mil metros quadrados (m²) de área construída, passando de cinco mil m² para 12 mil m². O número de colaboradores, atualmente em 783, crescerá gradativamente e a companhia deverá ter no local, em 2025, 1.705 funcionários. A capacidade produtiva e o montante exportado também serão significativamente ampliados. 

Na fábrica de Contagem, a empresa de origem norte-americana produz anualmente 20 mil válvulas aórticas para implante transcateter, procedimento conhecido como Tavi (do inglês transcatheter aortic valve implantation). Após as obras, serão produzidas 60 mil por ano. Um dos motivos para triplicar a produção é que a companhia passará a embarcar o produto para os Estados Unidos, um dos principais mercados consumidores do dispositivo no mundo.

Denominada de Acurate neo 2, a válvula aórtica fabricada pela Boston Scientific é exportada atualmente principalmente para a Europa, sendo que países da Ásia e América Latina também são grandes compradores. Somente no ano passado, a empresa embarcou R$ 163 milhões com o produto. Até 2027, a perspectiva é que esse volume em exportação salte para R$ 780 milhões. 

As vendas internas ainda são irrisórias. No entanto, há um relevante potencial de crescimento a partir de uma incorporação definitiva da tecnologia no Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2021, uma portaria do Ministério da Saúde incorporou o Tavi na rede pública condicionado a alguns pacientes, porém ainda é preciso precificar o procedimento em sua totalidade para que a incorporação de fato ocorra. Não há prazo determinado, mas pode ocorrer até o fim do ano.

 

Procedimento reduz riscos para o paciente e produto é benéfico para a balança comercial 

Conforme explica o diretor de operações da unidade, Valdeloi Teixeira, quando a válvula nativa do coração se deteriora é necessário substituí-la e a técnica utilizada tradicionalmente para fazer essa substituição é uma cirurgia de peito aberto. Nesse procedimento, realiza-se um corte no tórax do paciente para acessar o coração, cortar a válvula nativa e costurar uma artificial, sendo que durante a operação, a circulação sanguínea é feita fora do corpo, o que eleva o risco de óbito.

Diferentemente, de acordo com ele, com o Tavi, a cirurgia é minimamente invasiva, reduzindo o risco de mortalidade do paciente. Isso porque a válvula aórtica é implantada por um cateter por meio de uma incisão na artéria femoral, ou seja, não precisa abrir o peito do paciente e nem parar o funcionamento do coração. Segundo o gerente de Políticas em Saúde da empresa no Brasil, Murilo Contó, as vantagens do procedimento e do produto também se estendem ao País.

Segundo ele, o implante transcateter, além de ser mais eficiente e seguro, reduz a permanência do paciente no hospital, ajudando a liberar leitos e salas cirúrgicas de modo mais rápido. Contó lamenta que o acesso seja restrito no País, mas diz que as sociedades médicas têm trabalhado para ampliá-lo e que a tendência futura é não haver mais cirurgia de peito aberto. Ainda conforme o gerente, o alto valor agregado do Acurate neo2 é positivo para a balança comercial.

“É um dos produtos que podemos considerar como estratégicos do ponto de vista da política nacional do Complexo Industrial da Saúde (CIS), pois diminui a vulnerabilidade do sistema e, ao mesmo tempo, equaliza, de certa forma, a balança comercial brasileira que é bastante deficitária com relação a produtos para saúde, importando muito mais do que exportando”, destacou Contó.

 

Produção em Contagem gera desenvolvimento para a região

 

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Acurate neo 2 é exportada para Europa, Ásia e América Latina | Crédito: Divulgação / Boston Scientific

 

 

A companhia de origem norte-americana chegou ao Estado em 2017 ao adquirir uma startup nascida de uma parceria brasileira e suíça, que já produzia as válvulas em Belo Horizonte. Em 2019, a empresa resolveu expandir-se e instalou-se em Contagem. Para o diretor de operações da fábrica, essa nova ampliação, bem como a produção de uma tecnologia tão inovadora, gera desenvolvimento para a região e é motivo de orgulho. Ele espera crescer cada vez mais.

“Nossa expectativa realmente é de estarmos gerando desenvolvimento, trazendo novas tecnologias para a fábrica e continuar nesse crescimento, fornecendo válvulas de qualidade para a população mundial. Isso também é um motivo de orgulho. Saber que vários países do mundo usam nosso produto e ele sai daqui de Contagem”, enfatizou Teixeira.

 

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